Portas suavizou críticas a Gaspar

Paulo Portas matizou esta semana um ataque do seu partido ao ministro das Finanças, por causa da decisão do Eurogrupo em taxar os depósitos bancários no Chipre.

apesar das críticas públicas do cds à aprovação da taxa sobre os depósitos bancários naquele país, o líder do partido não quis tornar gaspar, neste caso, no alvo principal. portas deu mesmo instruções claras aos seus deputados para pouparem gaspar, numa decisão que foi de todos os ministros das finanças dos 27 – que alegadamente não sabiam o concreto da decisão do governo cipriota, soube o sol.

isto depois de terem sido repetidas à exaustão as imagens de portas, atrás de cavaco silva, a acenar afirmativamente com a cabeça a cada frase com que o presidente arrasava a decisão do eurogrupo sobre o chipre, considerando-a um erro trágico no caminho do euro.

na sequência disso, aliás, o eurodeputado diogo feio, realçou na sicnotíciaso acordo do eurogrupo sobre a extensão das maturidades da dívida portuguesa, em contraponto com o dossiê chipre.

«longe» do conflito

o momento, no entanto, é de distância q.b. do cds, uma vez que portas tem a seu cargo a tarefa da reforma do estado – um dos principais dossiês do governo – e, portanto, não pode assumir uma cisão com o ministro das finanças. o clima, diz uma fonte da direcção, está «longe» de ser o de conflito aberto, como aconteceu em setembro com a tsu.

isto não quer dizer que gaspar vá ser poupado na reunião da comissão política do cds, que reúne amanhã em lisboa – e em que paulo portas vai explicar o que correu mal na 7.ª revisão da troika. os centristas não escondem, aliás, a sua insatisfação e desânimo com as conclusões dessa avaliação. ocds queria mais tempo para cumprir o défice, medidas mais concretas do lado da reforma fiscal e outro discurso sobre a necessidade de uma reforma do estado.

ao sol, pires de lima colocou a ênfase nos sinais para a economia. «esperava alguns anúncios sobre o irc», reconhece, frisando os problemas de financiamento e de custos das empresas.

joão almeida considerou «esquizofrénicas» as reuniões com a troika, por estes técnicos não assumirem em lisboa as posições dos líderes das suas instituições, que indiciavam maior flexibilidade.

como disse nunomelo há duas semanas, em entrevista ao sol, portas terá a seu cargo «as linhas de orientação da reforma de estado, que não equivale a discutir-se a redução da despesa estrutural, mas é muito mais do que isso: é pensar num estado para o século xxi».

é, aliás, com base nessa reforma do estado que o cds sustenta a reivindicação de uma diminuição dos impostos. ou seja, só com futuras poupanças haverá margem para baixar a carga fiscal.

ao contrário do que aconteceu no oe-2013, o psd já não olha com a mesma fúria para os centristas. e é possível arrancar até elogios a paulo portas: «é o único a fazer política. faz bem». os próprios governantes do psd são criticados por quererem ser tecnocratas, quando o momento pede mais política.

david.dinis@sol.pt e helena.pereira@sol.pt