Obama insiste em taxar fortunas

Barack Obama não desiste da intenção de ir buscar 535 mil milhões de euros às grandes fortunas norte-americanas para ajudar a reduzir uma dívida federal de 12 biliões de euros.

na quarta-feira, o presidente democrata apresentou um orçamento que prevê novamente o fim das deduções fiscais para os 2% mais abastados e um imposto mínimo de 30% para os agregados familiares com rendimentos anuais superiores a um milhão de dólares (765.000 euros).

em contrapartida, e para responder ao repto de uma oposição republicana que não admite aumento de impostos e que exige a redução da despesa pública, a casa branca admite um corte de 99 mil milhões de euros na segurança social e de 306 mil milhões na saúde. a defesa e a agricultura também seriam alvos da austeridade. ao mesmo tempo, o documento prevê investimentos em infra-estruturas.

no total, esta proposta que obama quer ver transformada em orçamento do estado para 2014 poderia gerar uma poupança de mais de um bilião de euros nos próximos dez anos.

apesar do documento ter um chumbo garantido num congresso controlado pelos republicanos, a administração democrata não se mostra disposta a ceder. “já fiz mais de meio caminho ao encontro dos republicanos”, declarou obama na quarta-feira, dia em que jantou com 12 senadores da oposição.

no entanto, os dois lados estão condenados a sentar-se à mesa. no verão, o congresso volta a discutir uma eventual subida do limite federal de endividamento. os estados unidos, já sob ‘sequestro’ orçamental (um conjunto de medidas de austeridade automaticamente decretadas para não ultrapassar a fasquia legal da dívida), continuam a aproximar-se da linha vermelha, correndo o risco de uma paralisação total dos serviços públicos ou do incumprimento das obrigações perante os credores, entre os quais se destacam a china e o japão.

até lá, os republicanos continuam a defender que a solução passa por um corte real na despesa pública, desvalorizando as reduções indicadas na proposta de orçamento. obama, acusam, foi desonesto ao incluir nas contas do documento desta semana as poupanças que já estavam garantidas com o fim da presença militar norte-americana no iraque e no afeganistão.

pedro.guerreiro@sol.pt