pedro passos coelho discorda da política de crédito do banco do estado e disse-o claramente durante a última reunião do conselho nacional do psd, no sábado passado, em lisboa. de acordo com relatos de membros do partido da maioria ouvidos pelo sol, o primeiro-ministro sublinhou que foram dados meios à caixa – nomeadamente em termos de rácios de capital – para injectar mais dinheiro na economia. mas isso não está a acontecer nos moldes que passos coelho considera serem necessários.
o descontentamento do accionista com a administração da caixa (100% pública) tem vindo a agudizar-se, nos últimos meses. um dos pontos de discórdia é exactamente a política de crédito. o presidente executivo do banco, josé de matos, tem uma posição mais conservadora do que o executivo: a sua grande preocupação tem sido acautelar a saúde e robustez do balanço, optando assim por uma estratégia mais cautelosa na concessão de fundos.
questionado esta semana sobre as declarações de passos, o ceo da caixa escusou-se a fazer comentários. momentos antes, numa conferência sobre banca organizada pelo icc – international chamber of commerce, o banqueiro declarou, citado pela lusa, que o sector financeiro português está agora «muito bem capitalizado e resiliente aos desenvolvimentos do mercado», pelo que pode apoiar a economia «se as circunstâncias o permitirem».
a equipa de josé de matos termina o mandato no final do ano e sofreu já várias baixas. nomeados para o triénio 2011/2013, três administradores saíram antes do tempo. pedro cardoso abandonou o cargo logo no primeiro ano, para ocupar as funções de presidente do bnu em macau. jorge tomé saiu no ano seguinte, para assumir a liderança executiva do banif. nogueira leite pediu a demissão no final do ano passado por divergências internas e em ruptura com as finanças.
gaspar segura presidente executivo da caixa
o ministro vítor gaspar estará a ser o grande travão das alterações que o governo gostaria de fazer a curto prazo na administração da caixa, segundo noticiou o diário económico há cerca de um mês. além de josé de matos ter sido uma escolha pessoal do ministro, eventuais mudanças poderiam ser interpretadas como o reconhecimento do falhanço do modelo de gestão escolhido. de acordo com o mesmo jornal, o executivo estará a ponderar mudar a gestão da cgd mais cedo, talvez ainda em abril.
*com josé antónio lima