cavaco, nessa manhã, virou o jogo: manifestou também dúvidas sobre a medida e fez chegar à troika a mensagem de que poderia enviá-la para o tribunal constitucional. o perigo de queda do governo e a oposição do presidente acabaram por ter efeitos: a medida foi desvalorizada e portas aceitou, “na 25.ª hora”, assinar o memorando. pelo meio, até durão barroso interveio – o presidente da comissão estava em lisboa e falou com passos e portas, ajudando a recompor a coligação.
a crise interna começou na quinta-feira da semana passada, quando portas recebeu no palácio das necessidades os chefes de missão da troika. fez aí um derradeiro esforço para os convencer da necessidade de deixar cair a nova taxa sobre as pensões. mas a troika não se convenceu. considerou os cortes alternativos nos ministérios, que portas e carlos moedas conseguiram em duas semanas de trabalho interno, de efeito incerto; e considerou também imprescindível que o governo fosse determinado no campo das pensões.
na sexta-feira ao final do dia, passos e portas encontraram-se em s. bento. foi aí que portas disse que não assinaria o documento com a medida classificada como prioritária. saiu da residência oficial do primeiro-ministro com a ruptura à vista.
os técnicos externos terminaram a avaliação no sábado e deixaram a batata quente a passos coelho. nesse dia, passos chamou vários ministros a s. bento: mota soares, portas, gaspar e poiares maduro. mas em separado. em cima da mesa, uma versão intermédia: a medida passaria a opcional, ou seja, poderia ser trocada por outra medida de igual efeito. um critério que a tornava igual a todas as outras.
o líder do cds, que tinha marcada em aveiro uma discreta apresentação de candidatos autárquicos, voltou a são bento. mas manteve-se contra: não queria a taxa no papel nem como hipótese académica, confirmou o sol.
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david.dinis@sol.pt e helena.pereira@sol.pt
*com josé antónio lima