a ordem no rato é aguentar firme na recusa aos apelos do psd para um consenso sobre diplomas e reformas estruturantes. a resposta negativa dos socialistas é parte de uma estratégia que tem como pressuposto «um antes e um depois» do orçamento do estado (oe). «quando for conhecido o conteúdo do oe será evidente o descalabro. e ficará também claro que o ps não tinha condições para negociar», explica ao sol fonte socialista.
ou seja, espera-se um documento que espelhe «as más contas» do governo, e que vai «resultar numa nova ofensiva de medidas que vão afectar o nível de vida dos portugueses», diz outro elemento do núcleo directivo do ps.
desvalorizar o valor dos apelos faz parte da estratégia. «o psd fala muito de consenso. certamente, é um problema de consciência porque o pratica muito pouco», disse carlos zorrinho, o líder parlamentar do ps, em évora.
os socialistas acreditam que a degradação das condições para o psd e cds governarem em sintonia será fruto de diversos factores. e se em relação ao resultado das autárquicas há quem esteja menos optimista (uma vitória pouco expressiva do ps deixará além do mais a liderança de seguro em dificuldades), já sobre o exercício do oe 2014 há a ideia firme de que o governo tem vários obstáculos sérios – um dos quais é a pressão de mais gastos (nomeadamente, o aumento da contribuições para a caixa geral de aposentações).
com estas condições, psd e o cds terão mais probabilidades em se desentenderem na forma de ultrapassar os obstáculos, como, aliás, se viu no orçamento do ano passado. «psd e cds não se vão entender. vai haver crise política em breve e as eleições serão no mais tardar em simultâneo com as europeias», afirma ao sol um dirigente do ps.
do lado da maioria, a estratégia é, no entanto, insistir nos apelos aos consensos, mesmo sabendo que a resposta é ‘não’. a maioria está apostada em aplicar a sugestão do presidente e chamar sempre os socialistas ao debate, mesmo que às vezes pareça apenas retórica. na universidade da jsd, marco antónio costa e jorge moreira da silva lançaram esta terça-feira repetidos apelos.
«o ps deve ser contributivo e não ter um discurso alarmista», explicou ao sol a vice-presidente do psd teresa leal coelho, acrescentando, sobre o anúncio dos socialistas de mandar para o tc a lei das 40 horas, que «vai caindo a máscara de que o consenso não é possível em razão do comportamento do psd».