como explica ao sol ronald gruia, director de telecomunicações emergentes da consultora norte-americana frost & sullivan, “os clientes que usavam a rede das operadoras agora estão a ir para um serviço ott ”, o que causa problemas às empresas de telecomunicações. o consultor chega mesmo a chamar estas aplicações de “parasitas” porque “estão a usar a rede da operadora”.
segundo ronald gruia, as margens e receitas das empresas de telecomunicações com sms e chamadas em roaming estão baixar. estudos da consultora indicam que, em 2012, cada utilizador recebeu ou enviou uma média de dez mensagens diárias via whatsapp. já o viber, tinha, no final de 2012, 140 milhões de utilizadores mundiais. na primeira metade deste ano esse número subiu para 200 milhões e estima-se que atinja mil milhões em 2017.
já o skype totalizou 115 mil milhões de minutos de chamadas no segundo trimestre do ano passado. a empresa, que em 2011 facturava 800 milhões de dólares (603 milhões de euros), espera passar os dois mil milhões de dólares (1,5 mil milhões de euros) este ano.
a frost & sullivan estima que no próximo ano as receitas provenientes das aplicações voip atinjam os 15 mil milhões de dólares (11,3 mil milhões de euros). gruia avança ainda que, no final do ano passado, havia cerca de 50 milhões de utilizadores de voip na europa (ocidental e oriental).
combater os ‘parasitas’
e o que podem as operadoras fazer para combater estes parasitas? segundo ronald gruia, um dos caminhos é ignorar a tendência: “mas não é recomendável, porque os operadores não estão a facturar o que podiam”. a hipótese b é fazer a sua própria aplicação gratuita. “mas aí há o problema de as pessoas pensarem: ‘porquê aderir a isso quando já tenho skype?’”, diz o director da frost & sullivan, que remata: “é melhor olhar como clientes novos do que como competidores”.
e é mesmo isso que a vodafone e a optimus estão a fazer. por cá, ambas as operadoras põem de lado a possibilidade de estas aplicações serem uma ameaça. luís cardoso, responsável de serviços de internet e conteúdos da vodafone portugal, explica ao sol que o mercado português dispõe de vários tarifários com volumes de sms gratuitos e isso “acaba por tornar a utilização das tradicionais chamadas/sms bastante atractiva, não só pelo factor preço como também pela sua qualidade, garantia de serviço e universalidade”.
outro problema levantado por luís cardoso é a ideia de não existir interligação entre as diferentes aplicações: “ambas as partes têm de estar a utilizar a mesma aplicação para que consigam comunicar”.
do lado da optimus, duarte lopes, director de marketing, explica que a operadora não tem uma perspectiva de “combater”, mas sim de “cooptar”. e nesse sentido lançou esta semana a marca wtf, direccionada para jovens até aos 25 anos em que o principal destaque não é o envio de sms ou as chamadas grátis, mas sim a utilização destas aplicações.
estudos da optimus indicam que 14% dos jovens entre os 18 e os 25 anos utilizam o whatsapp para comunicar, enquanto que 20% das pessoas com estas idades usam o viber. “os jovens querem ter no smartphone a experiência que têm online”, explica duarte lopes.
“verificamos que há uma descontinuidade enorme entre o que os jovens fazem na web e no telefone, que se traduz numa oportunidade de mercado para nós”, avança o director, referindo tratar-se de “usar as aplicações que já se popularizaram”.
duarte lopes admite que este “é um tema quente na indústria há muitos anos e há um receio dos operadores de que isto canibalize parte das suas receitas”. contudo, sublinha que a optimus não está preocupada com essa possível canibalização: “há um conjunto muito grande de outros elementos que criam a relação com o operador: a marca, o apoio ao cliente, a rede. há toda uma infra-estrutura de suporte que um operador dá ao cliente que cria muito valor”.
por agora, a novidade wtf é para jovens, mas o responsável acredita que pode alargar-se. para isso é preciso ficar atento à evolução do mercado: “nos outros segmentos, a dimensão deste fenómeno ainda não é a mesma”.