As 11 grandes batalhas nas autárquicas

As autárquicas mais imprevisíveis de sempre têm muitas câmaras em aberto. Mas a leitura dos resultados passará por estas 11.

porto é a bandeira do psd

em 2001 poucos adivinhavam a hecatombe nacional do ps – e ela começou no porto. rui rio venceu fernando gomes e deu o sinal para a vitória nacional do psd que levou à demissão de guterres. este ano, rio sai, menezes é o candidato. mas o independente rui moreira baralhou as contas e o potencial efeito nacional virou ao contrário. na quinta-feira, saiu a primeira sondagem (universidade católica/dn/rtp) colocando moreira três pontos à frente.

até aqui, a esperança ‘laranja’ era grande, suportada numa vantagem média de 7% nas três sondagens publicadas. mas muitos temem agora os efeitos da contestação urbana ao governo. uma coisa é certa: perder o porto seria a catástrofe para o partido.

no porto, joga-se também o número de votos (mais de 230 mil recenseados). o psd pode passar dos 47% de rio (em ad) para os cerca de 32% que as sondagens dão a menezes (sem o cds). o ps não estará melhor: está em terceiro para já, descendo dos 34% de 2009 para cerca de 24%.

gaia e sintra, a papel químico

são dois casos de alto risco para o psd. em gaia e sintra o partido dividiu-se e tem à perna independentes que lhes roubam espaço. começando em gaia, terceiro maior concelho do país.

quarta-feira saíram duas sondagens: uma dava ânimo ao social-democrata carlos abreu amorim – era terceiro, mas a quatro pontos só do seu preterido guilherme aguiar; a segunda foi o balde de água fria, ficando a 11 pontos de outro líder, o socialista eduardo rodrigues. mesmo perdendo, para os sociais-democratas faz diferença o ‘para quem’.

a vitória de guilherme aguiar seria, claro, o mal menor. certo é que o psd perderá votos face a 2009. muitos. menezes teve 62% no seu último mandato e amorim tem, na melhor das sondagens, 25,1%.

em sintra, segundo concelho com mais eleitores, é tudo parecido. o socialista basílio horta está à frente nas sondagens, embora com margens variadas. a última, de quarta-feira, é a pior para o psd, com pedro pinto em terceiro e já a 14 pontos. antes, a média era mais aproximada, com quatro pontos a separar os dois.

pelo meio há o tal independente ex-psd, marco almeida, ainda vice-presidente da câmara. as sondagens colocam-no sistematicamente próximo de basílio horta, dentro da margem de erro.

oeiras sem isaltino

eis um caso mediático em que o psd acalenta a esperança de ganhar uma câmara – e onde seguramente ganhará votos face a 2009. nessa altura isaltino morais ganhou um último mandato, deixando a ad com 16%. agora, moita flores aparece nas sondagens apenas a três pontos de paulo vistas, o homem que isaltino deixou na câmara e no seu movimento independente.

com isaltino fora das listas e na prisão, também o ps entra no jogo, ainda que um pouco atrás, cerca de sete pontos. entre todos os casos, não será seguramente o pior para os sociais-democratas.

braga e guarda: ps treme

uma das maiores esperanças sociais-democratas para a noite de domingo reside em ricardo rio. há quatro anos ficou apenas a três pontos de derrotar o histórico mesquita machado em braga. este ano o dinossauro sai por limitação de mandatos. as sondagens dão curta vantagem à coligação de direita numa importante capital de distrito (ver entrevistas nas páginas 10 e 11).

na guarda, o caso é mais intrincado. a esperança ‘laranja’ na vitória de álvaro amaro (até aqui dinossauro de gouveia) é idêntica, mas há escassos dias tudo se tornou imprevisível: o tribunal anulou uma candidatura de independentes que tinha boa presença de desiludidos socialistas, mas com sociais-democratas à mistura. os inquéritos mantêm a luta em aberto, com psd e ps a disputar a câmara, com diferenças de dois pontos. os socialistas, hoje no poder, só têm por certo uma larga perda de votos face aos 55% de 2009.

faro e vila real: ps cresce

são também capitais de distrito, as duas do psd. estão ambas em risco para o ps, com os sociais-democratas a perder quase 10% de votos (de acordo com os estudos publicados). o ps está agora à cola. mas a vantagem é tão escassa que se arriscam a ser disputadas ao voto, com os resultados conhecidos já noite fora.

coimbra: dinossauro de volta

doze anos depois de ter sido derrotado pelo social-democrata carlos encarnação, manuel machado volta a ser o candidato socialista a coimbra. desta feita contra o homem que encarnação deixou no lugar há dois anos, barbosa de melo (filho do histórico presidente da ar). para surpresa dos sociais-democratas, o socialista está à frente nas sondagens. mas a luta é renhida, com dois a três pontos a separar os dois candidatos.

em coimbra, porém, há factores diferentes. o cds abandonou a coligação e corre sozinho. à esquerda há um movimento independente (com apoio do bloco) que aparenta alguma expressividade eleitoral. a subida de um pequeno pode, aqui, ditar o final da história.

évora volta ao vermelho?

a câmara socialista está em risco, neste caso com a cdu ligeiramente à frente na única sondagem revelada na pré-campanha. vantagem escassa de dois pontos, mas suficiente para que os comunistas acalentem esperanças de voltar a esta capital de distrito. os socialistas fazem contas a outros casos que podem ter riscos semelhantes, como évora, alcácer do sal ou grândola, mas nesses não há estudos independentes publicados. serão incógnitas adicionais para a noite eleitoral.

matosinhos: luta entre ‘socialistas’

é um caso limite para o ps. na época de escolhas, os socialistas não apoiaram o actual autarca, guilherme pinto, optando pelo líder da concelhia, antónio parada. pinto saiu do partido e corre como independente. os críticos de seguro cobrar-lhe-ão a derrota, caso aconteça. as sondagens têm-no colocado à frente por dois pontos apenas.

david.dinis@sol.pt