paulo portas falhou o prazo imposto por pedro passos coelho (mesmo publicamente) para entregar o guião da reforma do estado para discussão em conselho de ministros até ao final deste mês.
a apresentação deste guião está a ser sucessivamente adiada desde o início do ano. as promessas públicas já foram muitas, mas nenhuma foi tão clara como a do primeiro-ministro no início de setembro: “todas essas reformas estão ou em curso, ou a ser preparadas, e precisam de ter uma orientação que o vice-primeiro-ministro paulo portas ficou de apresentar. e estou convencido de que não concluiremos este mês sem a poder debater no governo e apresentar ao conjunto dos parceiros sociais”.
o texto que está a ser preparado por portas – que conta com contributos dos seus colegas de governo – é um documento conceptual sobre o que o estado deve continuar a assegurar e aquilo que pode ser concessionado ou privatizado. e não vai incluir objectivos quantificados em termos de poupanças. o primeiro draft foi debatido no conselho extraordinário em alcobaça, em junho.
no cds, cresce a dúvida sobre se fará sentido apresentar uma reforma do estado que choque com o tribunal constitucional.
este incumprimento de portas é mais uma pedra na engrenagem do relacionamento com o primeiro-ministro, que não vive dias fáceis. esta semana, os dois estiveram juntos na campanha de sintra, mas a distância era evidente. os centristas não gostaram do facto de passos ter culpado, dias antes, portas pelo aumento dos juros da dívida. “pois, não foi simpático, mas não vamos fazer dramas”, afirmou ao sol um dirigente do cds.