mesmo assim, o documento vem a tempo para servir de argumento ao governo no debate do orçamento do estado, que acontece na quinta-feira, no parlamento. um pormenor: em todo o documento não há uma referência a poupanças com esta reforma, só à outra, a que o secretário de estado hélder rosalino pôs em marcha – e que passos disse esta semana já estar no terreno “há dois anos e meio”.
a novela do guião de portas, porém, deixou um rasto de incómodo visível, até entre ministros que o têm apoiado em difíceis reuniões do governo. o capítulo da semana passada tem um antecedente: portas está escaldado com a fuga de informação sobre os cortes nas pensões de sobrevivência. e resolveu desta vez não distribuir o documento que preparou até horas antes do conselho de ministros de quinta-feira passada. “aquilo que se vai pôr e alterar no documento tem que ficar dentro da sala”, justifica fonte próxima.
aparentemente, o que foi mostrado aos ministros não desagradou. num dos gabinetes do governo ouviu-se um tom de meia-surpresa: “aquilo está uma coisa bem feita”. para isso contribuiu uma ronda final de sugestões que portas pediu a alguns colegas.
o guião da reforma do estado é uma novela que se arrasta desde dezembro de 2012. foi ‘inventado’ por paulo portas, na sequência do conturbado orçamento de 2013. aí, numa reunião do conselho nacional mais dura, portas prometeu reunir o cds para discutir a reforma do estado. queria continuar a contratualização com o sector social ou com privados de serviços de saúde e educação.
em junho, durante um conselho de ministros extraordinário em alcobaça, portas apresentou um documento síntese. prometia um processo consensual até 2020, evitando tocar na constituição.