é norte-americano, tem 23 anos e abandonou a universidade de stanford depois de ter descoberto ouro. evan spiegel é o homem do momento em silicon valley depois de ter recusado uma proposta multimilionária de mark zuckerberg, fundador da rede social facebook. spiegel disse não a três mil milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros) pelo produto de um trabalho final de curso que nunca chegou a ser apresentado mas a que os gigantes da internet dão nota máxima – e que ameaça as redes sociais tal como as conhecemos hoje.
o produto em causa é o snapchat, uma aplicação para telemóveis que permite tirar e partilhar fotografias acompanhadas de breves mensagens. até aqui, é igual a tantas outras. a inovação é o facto das imagens se autodestruírem segundos após serem recebidas, e de não ficarem armazenadas nos servidores da empresa. e assim responde a um dos actuais problemas da vida virtual: a privacidade, as irremovíveis pegadas que deixamos na internet e que podem assombrar-nos para o resto da vida.
aí está o chamariz e também o perigo da aplicação. permite, em teoria, partilhar imagens de cariz sexual com amigos sem o risco destas serem reenviadas a terceiros. o problema é que essa segurança é ilusória. já foram descobertas formas de contornar o sistema de autodestruição do snapchat (uma delas é o velho print screen) e vários utilizadores viram as suas fotografias íntimas espalharem-se pela web. na semana passada, dez adolescentes foram detidos no canadá por difundirem imagens que as suas namoradas, menores, tinham partilhado no snapchat. são agora acusados de pornografia infantil.
no entanto, as fragilidades do snapchat não impediram que a aplicação gratuita se tornasse numa das mais descarregadas no mundo. sem dados oficiais, sabe-se que a plataforma é um sério caso de sucesso entre os adolescentes nos eua e no reino unido.
o interesse de zuckerberg no snapchat relaciona-se com a tentativa de travar a recente sangria de utilizadores jovens que estão a trocar o facebook por produtos como o twitter, o whatsapp e a rede de spiegel. três mil milhões de dólares é pois o valor que o patrão do facebook estará disposto a pagar para eliminar a ameaça.
e spiegel, terá feito bem ao resistir à tentação de se tornar um dos mais jovens multimilionários de sempre? a história recente do sector mostra que recusar uma primeira proposta estrondosa pode revelar-se proveitoso. o próprio zuckerberg recusou por três vezes vender o facebook – em 2006 à yahoo por um milhar de milhão de dólares, em 2007 à viacom por dois mil milhões e em 2008 à google por 15 mil milhões. a empresa vale hoje 120 mil milhões de dólares. vários sites de tecnologia admitem que uma segunda proposta estará já a ser negociada entre spiegel e zuckerberg. quem sabe, de forma discreta, através do snapchat.