já há resultados do inquérito da inspecção-geral da administração interna sobre a manifestação da psp?
foram apresentados na segunda-feira, estou a trabalhar nele.
esteve em contacto com o então director nacional, durante a manifestação?
eu estou em contacto com o director nacional da psp todos os dias.
houve ou não indicação para se evitar um novo ‘secos e molhados’?
não, não… a responsabilidade operacional não pode deixar de ser da polícia, não pode ser de quem está politicamente neste lugar. já vi dissertações sobre essa matéria, mas não têm adesão à realidade.
não teria sido pior a polícia de choque a travar?
continua a ser um cenário de especulação onde um ministro não deve entrar. o que eu disse no dia seguinte era que o que se tinha passado era grave, e retirei consequências disso. que foi uma situação de excepção que não pode constituir um precedente.
na próxima manifestação, o que vai correr de modo diferente? quais são as lições a tirar?
acho que toda a gente tirou lições daquilo.
nomeadamente, as pessoas que se manifestaram?
vi muitos dos responsáveis das estruturas sindicais lamentarem o que aconteceu. confio na responsabilidade das pessoas. respeitando o direito à manifestação, espero sempre que não esqueçam que são agentes da autoridade e que do seu comportamento depende a forma como toda a sociedade olha para as forças de segurança.
já disse que a nomeação do ex-director da psp para paris não é uma promoção. mas percebe que as pessoas a entendam como um ‘prémio’ de bom comportamento, sabendo que ele vai ganhar o triplo?
eu sempre disse que o que ocorreu com o director nacional não resultava de uma situação que pusesse em causa as suas competências, nem a sua lealdade. e que entendia que era necessário retirar consequências do ponto de vista institucional. posto isto, quero sublinhar que não foi criado um lugar. ocorreu a criação de dois lugares, em rabat e paris. alguns meses antes, eu tinha descontinuado a presença de oficiais de ligação em kiev e na europol – porque não se justificavam. e, num quadro de intensa cooperação entre espanha, frança, portugal e marrocos, entendi adequado designar oficiais de ligação para rabat e paris – sendo que esta última recaiu no superintendente valente gomes.
quando é que o convidou?
não sei bem, posso ver a agenda…
ele aceitou logo?
(silêncio) fez uma consulta à família, suponho eu.
o salário de 12 mil euros parece-lhe ajustado?
eu só sou responsável pela nomeação, não pelo salário. o salário está fixado na lei. é bom terem a noção de que essa lei é de 1994, que teve poucos ajustamentos e até há um parecer da pgr sobre os termos da remuneração. mas isso dá a ideia de que ao mesmo tempo que o nomeei lhe fixei um salário fantástico. devo dizer-lhe que nem sabia qual era o salário – quando começaram a sair as notícias, é que fiquei a saber.
mas naquele momento, não foi ele que falhou?
o que se passou foi grave. de quem foi a falha é matéria do processo de averiguação, é outro plano.
mas não devia, então, ter esperado o resultado?
por isso é que eu disse sempre que há uma responsabilidade objectiva, que é de quem está no topo – mesmo que não seja subjectivamente responsável.