Numa sucessão de episódios caricatos, contou que a primeira sede do PSD foi “democraticamente arrombada” por uma chaimite emprestada.
“Estou velho para isto”, começou Marcelo, encantado com a energia de Paulo Rangel – “este homem é excepcional!” – que tinha sido apresentado como cabeça de lista às europeias. Falando num tom entre o emotivo e o irónico, Marcelo distribuiu farpas e elogios.
Entre aplausos e gargalhadas, os congressistas ouviram o professor dizer de Passos Coelho, sentado na primeira fila, que a sua frieza e racionalidade “é muito irritante” e que é “irritantemente longo” e tem pouca apetência por dar boas notícias ao país.
Paulo Portas foi caricaturado por esperar que o dia a seguir ao fim da intervenção da troika seja um novo 1640. “No dia 18 de Maio os portugueses não abrem a janela a dizer ‘isto é um país novo’”. Perante as gargalhadas, recomendou: “Não aplaudam que é o nosso parceiro de coligação. Aplaudam internamente!”.
Marcelo contou que decidiu no avião que o trouxe da Madeira vir ao congresso. “Vim aqui por uma razão afectiva”, repetiu. Ainda hesitou, contou, quando uns amigos lhe disseram “Isto vai ser mal interpretado, parece que te estás a fazer a qualquer coisa”. Mais risos.
Não se ficou pelo registo emotivo. “Já que vim queria dizer três ou quatro coisas racionais”. Uma delas é queo PSD “continua a ser um partido livre”. “Eu sou a maior prova disso, quando falo todos os domingos”, ironizou.
Num congresso em que já se ouviram várias críticas aos adversários internos, entre eles os comentadores das televisões, como Marcelo – o ex-líder adptou um tom profesoral, mas num registo ligeiro, para dar uma pequena lição de história. “Já todos levámos pancada. Queixam-se muito do Pacheco Pereira, que é inteligente, eu já levei pancada dele e também já dei pancada nele”.
A democracia interna é uma das forças do PSD, sublinhou. Uma democracia que possibilita que quem saia do partido – como Rui Machete, sentado na primeira fila, que o professor apontou como exemplo dessa tolerância – possa voltar.
Marcelo passou para um registo sério quando disse que o país vai precisar de consensos entre os maiores partidos, seja quem for que ganhe as eleições de 2015. O tempo para os entendimentos será a seguir às europeias, “entre Junho de 2014 e a Primavera de 2015”. Deixar passar este período levará a “improvisar consensos” com custos para o país.
Nesta fase, criticou as “hesitações de Seguro” e o erro de não ter percebido mais cedo que teria que negociar. “Foi o erro de António José Seguro. Se tivesse delimitado zonas de consenso não tinha de ser António Costa a vir dizer que são precisos consensos”. Marcelo diz que Seguro tem ainda “uma nova oportunidade”. “Não há razões eleitorais que impeçam de se sentar à mesa. Tem de sentar”.
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