Chamar os partidos para o debate da reforma do Estado. Foi esse o apelo que saiu do discurso de encerramento do Congresso do PSD. Passos Coelho acredita que o pós-toika deve ser um tempo de convergências e diálogo. E avançou pontos que considera essenciais na definição das funções do Estado.
Para Passos, será importante que o caminho na saída do resgate seja feito desta vez sem medidas impostas de fora, mas através de um acordo com o PS. “Não sabemos encontrar entre nós as medidas necessárias?”, questionou desfiando o PS a integrar a Comissão eventual para a Reforma do Estado no Parlamento.
“A exigência política para quem está na oposição será muito maior a partir de Maio”, lançou, reforçando a ideia de que os partidos não devem ficar agarrados aos discursos que têm tido. “Não nos podemos radicalizar”, afirmou Passos. O líder do PSD dramatizou mesmo a urgência do pedido de convergência, que tem de ter uma resposta do PS “antes que seja tarde”.
Depois de no discurso inicial, ter deixado claro que as legislativas de 2015 são para ganhar, no encerramento Passos lembrou que «falta um ano e meio para as eleições», sublinhando que o eleitoralismo não deve conduzir as opções do Governo. Definindo linhas do que considera a reforma do Estado, Passos lembrou que defende um “Serviço Nacional de Saúde universal”, mas frisou que isso não significa “ter em todas as povoações um hospital com todas as especialidades”.
Acabou por ser também uma resposta às críticas ontem lançadas por Santana Lopes ao encerramento de unidades de saúde no interior. E apontou a sustentabilidade da Segurança Social e aposta na Educação – que deve “incluir a escola pública, mas não excluir as outras opções que os cidadãos possa fazer” – como caminhos essenciais para a reforma do Estado.
O presidente do PSD frisou que “a realidade é o que é” e lembrou que baixar o défice continuará a ser um objectivo depois da saída da troika, em Maio. Depois de Morais Sarmento ter vindo ao congresso dizer que está na hora de deixar as folhas de Excel e concentrar a política nas pessoas, Passos assegurou que a social-democracia não está na gaveta. “É a política que nos comanda”, afirmou. Passos voltou ainda à pergunta que marcou o discurso inicial.
O “estamos melhor ou pior?” que conduziu a sua primeira intervenção foi revisitado para Passos esclarecer que se o Governo não tivesse feito o que fez “não estaríamos melhor do que estamos hoje”. “Espero não ter sido demasiado irritante por demasiado tempo”, brincou Passos no final do discurso numa alusão ao divertido discurso de Marcelo Rebelo de Sousa que ontem brincou com o estilo de discurso do primeiro-ministro.
Foi a única nota descontraída num discurso sério, marcado pela explicação das medidas difíceis e pelos apelos ao diálogo com a oposição.