“Eu tenho andado com ele na rua. Antes tinha uma retracção, mas já percebeu que as pessoas são muito simpáticas, mudaram a sua atitude. E ele perdeu essa inibição”, diz ao SOL José Lello, um indefectível de José Sócrates e dirigente do PS no seu consulado governativo.
André Figueiredo que foi chefe de gabinete de Sócrates e um elemento do núcleo político do seu governo, resume a recuperação da imagem pública do ex-primeiro-ministros: “O embuste foi desmascarado”. Em causa está a imagem de um país melhor, que Passos Coelho faz passar. “Não há nenhum estudo que diga que Portugal está no bom caminho”, defende, referindo o relatório divulgado esta semana pela OCDE. “A maioria dos portugueses percebe que Sócrates tinha uma visão para o país e que a ajuda externa não era solução”.
As hipóteses de uma candidatura presidencial de Sócrates não deve ser avaliada pelas sondagens. “O melhor candidato é o que vai a jogo. Fui director de campanha de Mário Soares e lembro-me que no início tinha 8% nas sondagens”, diz José Lello, recordando as presidenciais de 1986, que Soares ganhou.
No painel da Pitagórica para o jornal i, Sócrates aparece ainda no último lugar numa contabilidade entre avaliações positivas e negativas que coloca Marcelo Re belo de Sousa em primeiro (como 49,3% positivos) e José Sócrates em último (como 59,4% negativos). “Sócrates é um verdadeiro líder. Suscita amores e ódios. Como Mário Soares”, diz André Figueiredo.
Aos apoiantes de Sócrates não passou despercebido o elogio feito por Santana Lopes, em entrevista ao Público. “É um grande elogio. Mas talvez esteja a tentar dividir o campo socialista, lançando Sócrates”, refere José Lello.
Outros elementos próximos do ex-primeiro-ministro sublinham que Sócrates não está virado neste momento para uma candidatura presidencial. “Ele não está para aí virado. Está noutra”, garante um ex-dirigente. Outro socrático prefere manter em aberto todos os cenários: “Nunca o poderemos excluir numa eleição presidencial”. O mesmo socialista nota com satisfação: “Os anti-corpos começam a dissipar-se”.