“Falou com toda a gente em cima da hora. E não divulgou a lista até às 20h30”, diz um membro da direcção do PS.
Vital Moreira, cabeça-de-lista em 2009, ausente esta semana na Colômbia, esperou durante o dia um telefonema de Seguro. “Não sei ainda nada”, dizia ao SOL na terça-feira, a poucas horas da reunião decisiva. Há um mês, quando o secretário-geral escolheu Francisco Assis para encabeçar o grupo de socialistas à eleição de 25 de Maio, fez um telefonema de cortesia a Vital Moreira, dizendo-lhe que não seria ele o número um.
Mas a sua permanência em Bruxelas ficou ainda em suspenso. Vital Moreira tinha dito, em entrevista ao SOL, que estava interessado em ficar. Um dos dossiês a que gostava de dar continuidade era o do acordo de comércio e investimento da UE com os EUA. Na terça-feira soube que ia ficar de fora. Mas se no seu caso, fontes socialistas davam como certa a exclusão por “não fazer sentido ter o anterior cabeça-de-lista num lugar menos prestigiado”, a partir do momento em que se soube que seria Francisco Assis o número um.
Mas Edite Estrela, a responsável pelo grupo socialista no Parlamento Europeu, era um caso menos óbvio de exclusão. Ainda assim, há algumas semanas que sectores próximos da direcção a punham fora do grupo dos eleitos de Seguro. Entre as razões apontavam a proximidade de Edite Estrela a José Sócrates e a sua longa permanência em Bruxelas. Por outro lado, sublinhavam a vantagem de Seguro em poder trocar de chefe da delegação, arranjando um da sua confiança.
Mas Edite Estrela, que foi recentemente distinguida pelos seus pares, ao ser considerada a eurodeputada do ano na área dos assuntos sociais, alimentou a esperança de ser incluída no lote de candidatos. Ao SOL a eurodeputada não quis falar sobre a sua exclusão nem comentar a nova lista. No entanto, na terça-feira à entrada da reunião da Comissão Política, era visível o seu descontentamento.
Capoulas Santos foi outro peso-pesado da delegação socialista em Estrasburgo a ficar de fora. O negociador da Política Agrícola Comum saiu para poder entrar o conterrâneo (de Évora) Carlos Zorrinho. Ao SOL, Capoulas tinha dito que gostaria de continuar. No Rato, mostrou-se conformado e elogiou “a boa lista”, liderada por Francisco Assis.
O ex-ministro da Saúde Correia de Campos foi o quarto excluído de Bruxelas. Mas foi provavelmente o primeiro a saber que ia ficar de fora. “Foi uma decisão do secretário-geral. Ele é que decide. Mas da minha parte não havia indisponibilidade”, contou ao SOL ainda na segunda-feira.
Correia de Campos tinha poucas hipóteses. A sua passagem de cinco anos por Bruxelas – uma compensação pela ‘remodelação’ feita por Sócrates no auge da contestação aos encerramentos de urgências e maternidades – não foi marcante.
Por último, Luís Paulo Alves, que estava em Bruxelas pela ‘quota’ açoriana. A forte influência da região autónoma na hora de escolher a lista não desapareceu, mas Seguro optou por dar o lugar de eurodeputado a um professor universitário da Universidade dos Açores, Ricardo Serrão Santos.