Ana Gomes é uma das suas “mais fiéis” apoiantes em Bruxelas, nota-se no largo do Rato, e a independente Elisa Ferreira tem o perfil técnico adequado numa equipa já a pensar na ligação quando o partido chegar ao Governo. A Comissão Política do PS aprovou, esta terça-feira, por unanimidade, a lista apresentada por António José Seguro e que constituiu uma escolha pessoal. “Para quem pensa que o secretário-geral não decide, está aqui a prova de que decide sozinho, com visão estratégica, como tem de fazer um líder”, elogia o secretário nacional Álvaro Beleza.
Saem quatro socráticos e entra um
A inclusão em sétimo lugar de Pedro Silva Pereira, ex-braço-direito de José Sócrates, foi o outro argumento de peso, desarmando a resistência à exclusão de Edite Estrela, Capoulas Santos, Correia de Campos e Vital Moreira – o núcleo-duro da lista que Sócrates apresentou em 2009. Ainda assim, o lugar em que Silva Pereira aparece na lista não agradou a todos. Os socráticos esperavam que aparecesse em posição de maior destaque.
Seguro escolheu para número dois Maria João Rodrigues, ministra do Emprego de António Guterres e um símbolo das políticas de crescimento económico e de redução do desemprego que o líder do PS tem como imagem de marca. Carlos Zorrinho é o número três da lista – um prémio pelos bons serviços enquanto líder parlamentar, num período em que a oposição interna ameaçou o líder.
Nas quotas regionais, os Açores e a Madeira colocam candidatos em lugares elegíveis. Mas Seguro não cede ao aparelho: o universitário açoriano Ricardo Serrão Santos, um independente especializado em assuntos do mar, cumpre esse duplo critério. Outra não filiada, a madeirense Liliana Rodrigues, completa a lista de elegíveis certos (pelas sondagens são oito).
O secretário-geral do PS respaldou-se num outro argumento para justificar as suas escolhas. “A lista apresenta quadros qualificados nas áreas consideradas prioritárias” para o país e que foram reveladas pouco antes do anúncio da lista: “emprego, área económica e monetárias, mar, energia, ciência e tecnologia”.
Maria João Rodrigues na área do emprego e da Europa, Elisa Ferreira (a negociadora do Parlamento Europeu no acordo sobre a União Bancária) na pasta económica, Carlos Zorrinho e os dois independentes nas áreas científicas e tecnológicas cumprem os critérios de Seguro.
O cabeça-de-lista, Francisco Assis, na primeira reacção a seguir à aprovação da lista, manifestou confiança. “Estou completamente convencido de que estão criadas as condições para que o PS ganhe as próximas eleições ao Parlamento Europeu”. Instado a fixar uma fasquia, respondeu que esse exercício é “uma especulação completamente inútil”.
Com o adversário Paulo Rangel a atacar o PS por ter escolhido figuras do guterrismo e do socratismo – que “reconciliam o PS com o despesismo” e “que trouxeram o país à bancarrota” –, Assis contra-atacou: “Isso é uma versão absolutamente demagógica de tudo quanto se passou em Portugal nos últimos anos”.
Candidata condenada
Nos próximos dias, os ataques de PSD e CDS deverão ter também por alvo Maria Amélia Antunes, décima na lista do PS. Ex-autarca do Montijo e secretária nacional de Seguro, Amélia Antunes foi condenada a seis mil euros de multa, após queixa do PCP, por ter pagado propaganda política num jornal local em vésperas das autárquicas de 2001. Na altura, o Tribunal do Montijo concluiu que houve violação do dever de imparcialidade e peculato de uso.
Curiosamente, Amélia Antunes é a figura escolhida por Seguro para fazer frente, no distrito de Setúbal, a Clara Birrento, a independente que Paulo Portas foi buscar para segunda candidata do CDS, na lista conjunta com o PSD. E Assis vai este fim-de-semana testar o ambiente em Setúbal: as acções de campanha, amanhã, passam por Almada, Costa da Caparica e Barreiro.