O principal dinamizador do PL avança uma explicação. “O PS precisa de se aproximar mais da esquerda. Isso explica que haja quem venha do PS e se tenha juntado ao Livre, quebrando um tabu: o de que os restantes partidos nesta área são de protesto”, diz ao SOL Rui Tavares.
Na primeira fase das primárias – abertas a militantes e apoiantes do PL – foram votados, e ordenados, os 37 pré-candidatos que se tinham proposto para a lista ao Parlamento Europeu. Agora, numa segunda fase, apenas os seis primeiros classificados vão ser votados, para estabelecer a ordem definitiva.
Rui Tavares, o único rosto com notoriedade política – é eurodeputado independente, eleito pelo BE – ficou em primeiro lugar, com 215 votos (ou ‘avais’, como o PL lhes chama). Bem à frente de Ana Matos Pires (51 votos), a psiquiatra conhecida na blogosfera pelos seus textos no Jugular.
Rui Tavares destaca que, nos primeiros seis lugares, os dirigentes do Livre estão em minoria. Só o próprio e Paulo Monteiro pertencem à direcção executiva do PL (o chamado ‘grupo de contacto’). Há depois dois militantes de base (Carlos Teixeira e Luísa Álvares) e dois independentes.
Curioso é também perceber que os votantes nestas primárias abertas deixaram de fora vários candidatos com um percurso político partidário, optando por figuras com currículo mais recheado no activismo social.
António Gonzales – antigo militante e dirigente de Os Verdes, tendo sido até deputado, entre 1983 e 1985, e antes disso militante do PCP – terá sido um dos que não conseguiram ficar entre os primeiros.
Na segunda fase da votação, além de apoiantes e militantes, podem agora participar “quaisquer pessoas que tenham subscrito o manifesto do PL”, diz Tavares. Estas eleições ainda mais abertas decorrem até 6 de Abril. A lista final será completamente paritária, com uma alternância entre homens e mulheres. Só o PS optou também por esta paridade absoluta.
Eleger um deputado ‘não será fácil’
Eleger um candidato para o Parlamento Europeu é o objectivo deste processo. Rui Tavares reconhece que «não será fácil». À juventude do PL (que apenas há uma semana foi reconhecido pelo Tribunal Constitucional como partido político), junta-se a falta de meios. A possibilidade de uma aliança com outro partido de esquerda está afastada. O BE preferiu incluir nas listas elementos do movimento 3D e o PS, que chegou a falar com o PL, optou por não fazer alianças.
Rui Tavares, apesar de ser o mentor do PL e, na primeira fase das primárias, o mais votado, admite não ser o escolhido para encabeçar a lista. “Tudo é possível. A decisão não é condicionada pela primeira parte das primárias”, diz ao SOL. Simpatizantes do movimento dão como certa, porém, a escolha de Tavares. “Seria uma espécie de suicídio mediático abdicar do único rosto conhecido”, diz ao SOL um simpatizante.
A experiência política do actual eurodeputado será também uma mais-valia na hora dos debates com outros candidatos.