Ainda assim, há quem espere para ver. «Manuel Valls é considerado o mais à direita, mas estão no seu Governo ministros bastante alinhados à esquerda. É difícil qualificar este Governo», diz ao SOL Manuel Alegre, que admite não ter «grande esperança sobre o socialismo francês».
O ex-candidato presidencial e histórico da ala esquerda do PS mantém, no entanto, alguma compreensão pela relação atribulada que Valls teve com a imigração. «Assumiu uma posição de firmeza numa questão que não é simples de resolver. A entrada dos países de Leste [na UE] colocou problemas», argumenta.
Já Pedro Nuno Santos, um dos deputados mais à esquerda do PS, tem poucas contemplações com Valls: «É o expoente de uma social-democracia europeia que nos últimos anos desistiu de se afirmar como alternativa e passou a copiar a direita». O primeiro-ministro indigitado por François Hollande após a derrota dos socialistas nas recentes eleições locais «está nos antípodas de um homem de esquerda», pois além de ser um liberal, «que de socialista tem zero», assumiu enquanto ministro do Interior «posições xenófobas com os imigrantes» – salienta o deputado socialista.
Em Bruxelas, Ana Gomes espera que a indigitação de Valls «não seja a capitulação» à política de austeridade dominante na Europa. «Espero que, pelo contrário, no plano económico a equipa Valls/Sapin/Montebourg resulte numa pressão decisiva para a Alemanha inflectir a política cegamente austeritária», afirma a eurodeputada.
António José Seguro até agora manteve o silêncio sobre Manuel Valls. Instado pelo SOL a pronunciar-se, o líder do PS não respondeu. Mas na sua direcção há quem o saúde: o secretário nacional Álvaro Beleza entende que «foi uma óptima escolha de Hollande».