Que há muitos vídeos peculiares ou simplesmente absurdos no YouTube não é novidade. Mas os cerca de 80.000 vídeos carregados pelo utilizador Webdriver entre Setembro de 2013 e Abril de 2014 captaram a atenção da imprensa internacional.
Quase todos seguem o mesmo padrão: uma sequência de dez imagens, cada uma com um rectângulo vermelho e outro azul, acompanhadas por sons gerados por computador.
E entre estas dezenas de milhares de vídeos, há apenas duas excepções. A primeira é a de um excerto de um desenho animado que só pode ser visto por utilizadores do YouTube em território francês mediante o pagamento de 1,99 euros.
A segunda é um curto vídeo da Torre Eiffel, sem som, em que a câmara filma por breves instantes o ecrã de um computador portátil onde parece surgir uma página de Facebook com uma caixa de chat no canto inferior direito.
O perfil do utilizadornão deixa mais pistas, e o dito Webdriver publicou apenas um comentário durante os seus prolíficos oitos meses no YouTube: “Matei is highly intelligent” (Matei é altamente inteligente).
Num artigo que reúne as várias teorias que correm para explicar o mistério, a BBC cita o reputado blogue Boing Boing e questiona se estes vídeos não serão uma versão moderna das chamadas “number stations” (estações de números). O termo designa emissões de rádio onde são difundidos códigos para espiões, muito utilizadas durante a Guerra Fria e ainda activas em alguns locais do globo (a mesma BBC publicou recentemente um artigo sobre o assunto). Ou seja, os vídeos de Webdriver poderiam ser um conjunto de mensagens em código apenas decifráveis por um reduzido conjunto de indivíduos.
Mas também é possível que se tratem de um puzzle matemático que poderá ter sido lançado por um fã de números ou por uma organização secreta no âmbito de uma campanha de recruta de criptanalistas – as duas situações não seriam inéditas.
Outra explicação avançada pelo jornal The Guardian é a de que os vídeos teriam um fim técnico banal, servindo para testar televisores e descodificadores digitais, mas o próprio engenheiro de software que propôs a teoria acabou por afastá-la, afirmando que nunca viu um padrão semelhante ao daqueles vídeos.
Por fim, e como tem sido comum nos últimos anos, há sempre a possibilidade de o mistério ter sido lançado por uma agência publicitária no contexto de uma campanha de marketing viral. Mas se é esse o caso, ainda ninguém percebeu qual o produto promovido.
pedro.guerreiro@sol.pt