No Largo do Rato, o ataque comunista não caiu bem. Mas a candidatura socialista liderada por Francisco Assis decidiu que a radicalização e o choque com o PCP não seriam a melhor via para disputar o eleitorado de esquerda.
Álvaro Beleza, secretário nacional do PS, responde que esta “é uma má frase, um mau momento de Jerónimo de Sousa”. Os socialistas preferem, para já, não devolver o ataque. “O nosso adversário é o Governo, não é o PCP, nem os partidos de esquerda, com quem temos afinidades em políticas como a Educação, a Saúde e os direitos dos trabalhadores”, diz Beleza, que ontem participou no desfile do 1.º de Maio da CGTP, “como tem feito desde 1974”.
PS apela à concentração de votos da esquerda
Os socialistas não se inibem, porém, de fazer um apelo ao voto na área do PCP. O raciocínio é simples: só uma grande votação no PS poderá convencer o Presidente da República a convocar eleições legislativas antecipadas.
“Temos de deixar de pensar em lógicas pequeninas. O que o país precisa é de mudar de Governo o mais depressa possível. A esquerda tem de concentrar votos no PS”, argumenta Beleza. Na mesma linha, António José Seguro tinha apelado à concentração de votos “no único projecto responsável” para “promover a mudança de Governo e de políticas”.
A crispação entre PCP e PS promete continuar na campanha eleitoral. Os comunistas lutam pela conquista do terceiro eurodeputado – o que, a confirmar-se, implicará com grande grau de probabilidade que os socialistas não obtenham o nono ou décimo lugares, que reforçariam a sua vitória.
Depois das declarações de Jerónimo de Sousa, os comunistas preferiram não acrescentar mais palavras à polémica. O cabeça-de-lista, João Ferreira, que este ontem com o líder na manifestação da CGTP, manteve-se em silêncio.