Francisco Assis falava no final de um almoço com apoiantes em Lamego, onde fez um dos discursos mais violentos contra a actuação da maioria PSD/CDS e do Governo.
Numa referência à convocação pelo Governo, para sábado, de um Conselho de Ministros extraordinário, Assis declarou: "O desespero conduz à perda da vergonha, ao despudor mais absoluto – e temos visto uma campanha de promessas, própria de um Governo que não tem limites no esforço propagandístico, porque tem medo do povo", sustentou.
Francisco Assis referiu-se depois à tese do cabeça de lista da coligação PSD/CDS, Paulo Rangel, advogando que os socialistas, no sábado, em período de campanha para as europeias, também apresentarão propostas para um futuro Governo.
"A maioria parlamentar acha que a melhor maneira agora é tentar enganar o povo, mas o povo não se vai deixar enganar. Há alguma comparação possível entre uma iniciativa de um partido e uma iniciativa de um Governo? Na campanha eleitoral os partidos têm de ter a primazia", advogou o dirigente socialista, contrapondo que o Conselho de Ministros extraordinário convocado para sábado corresponde "a uma partidarização inadmissível de uma instituição democrática fundamental".
"PSD e CDS têm legitimidade para governar, mas não são donos das instituições democráticas que conjunturalmente ocupam em função do voto. Este ato [Conselho de Ministros extraordinário] é um desrespeito profundo pela democracia, é um ato obsceno que tem de ser profundamente criticado, porque a decência tem de prevalecer na disputa política", advertiu o cabeça de lista do PS ao Parlamento Europeu.
Francisco Assis deixou depois um apelo à maioria PSD/CDS: "A decência é fundamental na vida política e tem de haver uma decência mínima".
"Infelizmente, esta maioria, no seu desespero, está a ultrapassar todos os limites com a uma actuação indecente, pondo em causa os princípios da convivência democrática. A nós não nos intimidam nem nos enganam", referiu, num discurso muito aplaudido pelos socialistas.
Na sua intervenção, o cabeça de lista do PS pediu aos militantes socialistas que sensibilizem os eleitores "descrentes" sobre o que está em causa no próximo dia 25.
"Não estamos a dizer que as dificuldades vão desaparecer da noite para o dia, ou que não há sacrifícios ainda por fazer, mas dizemos que Portugal não está condenado a um estatuto de subalternidade. Contrariamente a outros não prometemos o céu para amanhã, mas também recusamos uma condenação a uma espécie de inferno. Por isso, dia 25, temos de dizer que não aceitamos este caminho e que outro caminho é possível", acrescentou.
Lusa/SOL