As propostas referem o aumento do consumo de água, vegetais e peixe ou a redução de sal e açúcares, mas vão além dos conselhos nutricionais e defendem a prática de exercício físico, a redução do desperdício alimentar, a identificação do risco nutricional nas instituições, a melhoria do sustento dos idosos ou a subida dos níveis de felicidade dos portugueses.
O Movimento2020, a decorrer nos próximos seis anos, é hoje apresentado pela Associação Portuguesa dos Dietistas (APD) e conta com a participação de parceiros, como autarquias, estabelecimentos de ensino, restauração e entidades públicas e governamentais, na área da Saúde e da Juventude.
A iniciativa "pretende movimentar a sociedade civil, o poder político, o sector social e cooperativo e o sector privado nas questões da saúde alimentar", um tema que envolve muitas áreas, disse à agência Lusa a presidente da Assembleia Geral da APD, Rute Borrego.
"Lançamos 20 desafios para serem monitorizados de dois em dois anos, cada um tem a sua explicação e [aponta] estratégias práticas" para o cidadão, a restauração, a indústria e os profissionais de saúde puderem concretizar os objectivos, explicou Rute Borrego.
A especialista referiu que os desafios, que estarão disponíveis em plataformas digitais, "abarcam áreas nutricionais, alimentos e nutrientes que sabemos estarem em excesso ou em défice na população portuguesa e têm impacto em termos de saúde pública, por estarem associados a doenças crónicas ou degenerativas" como diabetes, obesidade e cardiovasculares.
Algumas propostas estão associadas ao ciclo de vida, ou seja, "à importância de pensarmos a saúde alimentar adaptada à grávida, aos primeiros 36 meses de vida, às crianças, aos jovens e aos idosos", especificou Rute Borrego.
"Sabemos que o período dos primeiros 36 meses de vida é fundamental para prevenirmos a obesidade", exemplificou a especialista, acrescentando que "uma alimentação adequada é uma forma de prevenir o excesso de peso em adultos".
Um dos grupos alvo são as crianças e o programa pretende ensinar os mais novos a escolher alimentos num supermercado, a ler os rótulos e a preparar os alimentos.
Outros desafios mais globais integram a redução do desperdício alimentar, o crescimento do consumo de produtos portugueses e a questão da actividade e exercício físico e das consultas de dietética e nutrição nos cuidados de saúde primários.
A responsável da APD reconheceu que esta "é uma meta difícil porque implica ter profissionais nos cuidados de saúde primários, sabe-se que o país está com défice financeiro, e a saúde ainda mais, mas a troika também veio dizer nos seus documentos que é necessário investir nos cuidados de saúde primários, na prevenção das doenças para ter menores gastos em saúde".
Rute Borrego disse que já existem dietistas nos cuidados de saúde primários, mas não são suficientes.
Para garantir a monitorização, avaliação e definição dos planos a definir pelo Movimento2020 a médio e longo prazo foi criado um Conselho Executivo composto por sete especialistas de várias áreas.
A APD e o Conselho Executivo acreditam que "tendo mais saúde alimentar, vamos ter pessoas mais saudáveis e mais felizes".
Lusa/SOL