"Não somos nós que nacionalizamos a campanha. Aliás, falamos sempre sobre a Europa, sempre que há hipótese, e sobre questões até estritamente europeias", declarou Paulo Rangel aos jornalistas, em Vila Nova de Famalicão, defendendo que essa pergunta tem de ser feita ao PS: "Não é vir dizer que nós, por responder ao PS, estamos a nacionalizar a campanha".
Confrontado com o facto de fazer sucessivas referências ao ex-primeiro-ministro, José Sócrates, respondeu: "Não fomos nós que trouxemos Sócrates à campanha, eu peço desculpa. Nós temos convidado, realmente, várias personalidades, mas ainda não convidámos José Sócrates para a nossa. Foi o PS que convidou. Portanto, a partir do momento em que o PS o convida, e que diz que tem imenso orgulho, os senhores não podem querer que nós não falemos sobre ele, era só o que faltava. Não há mordaças nesta campanha".
O cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP às eleições europeias fez estas declarações no final de um encontro com jovens, durante o qual acusou o PS de confundir as europeias com uma eleição para o Governo nacional e pediu à juventude que no dia 25 de Maio forme "um exército de vacinação contra o despesismo socialista".
Interrogado se esse apelo não constitui também uma nacionalização da campanha e sobre como é que o PS pode "regressar ao despesismo" no Parlamento Europeu, Paulo Rangel argumentou: "O PS, com as suas políticas, por exemplo, o caso da mutualização do subsídio de desemprego, pode, desde logo, dar esses sinais".
"Mas não é só isso, é que o estilo de políticas que fazem em Portugal depois obrigam a uma intervenção na União Europeia, e portanto não deixa de haver aqui uma dimensão europeia", completou, alegando: "Não somos nós que nacionalizámos a campanha. Aliás, falamos sempre sobre a Europa, sempre que há hipótese, e sobre questões até estritamente europeias".
"Se o PS traz uma agenda para Portugal, nós temos de dizer que essa agenda compromete de tal maneira o futuro português que pode envolver a necessidade de a Europa intervir outra vez. Se isto não é um problema europeu, então não sei o que são problemas europeus", prosseguiu.
Por outro lado, o social-democrata considerou que "há uma dimensão europeia de assuntos nacionais, e essa não pode deixar de ser trazida", e apontou a intervenção da 'troika' em Portugal como um tema europeu: "Se isto não é Europa, eu não sei o que é que é".
Ainda relativamente a José Sócrates, Paulo Rangel disse: "Nós não o usamos para falar do passado, é para prevenir o futuro. Nós não estamos a regressar a 2011, não é isso, o que nós não queremos é que volte esse tipo de políticas".
Questionado se essas políticas podem voltar nas europeias, retorquiu: "Essas políticas, a partir do momento em que são anunciadas nas europeias, tem de se dar um sinal justamente de que nós não queremos outra vez, do ponto de vista europeu, ser intervencionados. Nós queremos ser parceiros na Europa de igual para igual, não queremos ser os devedores da Europa com o resto da Europa a serem os nossos credores. Se isto não é matéria europeia, não sei o que é matéria europeia".
Lusa/SOL