Exército tailandês declara lei marcial

O exército tailandês declarou lei marcial esta terça-feira e mobilizou as tropas para o centro de Banguecoque com o intuito de estabilizar o país que, há cerca de seis meses, tem sido palco de vários protestos antigovernamentais. Os militares garantiram porém que não se trata de um golpe de estado. 

Exército tailandês declara lei marcial

“O Exército Real tailandês tenciona trazer de volta a paz e a ordem o mais rápido possível”, afirmou o líder da armada, o general Prayuth Chan-Ocha. “Tencionamos resolver a situação o mais rápido possível”.

Esta operação, que colocou a segurança pública a cargo do exército, surgiu numa altura de instabilidade política e um dia depois de o primeiro-ministro interino, Niwattumrong Boonsongpaisan, ter recusado demitir-se.

Apesar dos soldados terem aparecido na televisão a transmitir uma mensagem militar, a vida nesta capital com dez milhões de pessoas não foi afectada: as escolas, empresas e locais turísticos mantiveram-se abertos e o trânsito funcionava normalmente – havia mesmo quem parasse ao pé dos militares para tirar fotografias. 

Desde 2006 que a Tailândia tem assistido a vários incidentes políticos. Nesse ano, o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra foi deposto por um golpe de estado militar depois de ser acusado de corrupção, abuso de poder e desrespeito pelo rei Bhumibol Adulyadej – foi condenado a dois anos de prisão e fugiu do país. A situação despoletou uma luta de poder entre os apoiantes de Thaksin (na sua maioria vindos das zonas rurais) e os conservadores em Banguecoque.

Há algumas semanas, o Tribunal Constitucional depôs a primeira-ministra Yingluck Shinawatra, irmã de Thaksin, por abuso de poder e o primeiro-ministro interino subiu ao poder. Yingluck tentou aprovar uma amnistia que daria autorização ao irmão para regressar ao poder – a família Shinawatra é mesmo considerada uma ameaça ao rei pela oposição

O primeiro-ministro interino – que não foi consultado antes do movimento militar – convocou uma reunião extraordinária e, numa breve declaração, apenas afirmou que o governo esperava que a acção militar trouxesse “paz à população”.

Desde que está no poder que este governo pouco fez para pôr um fim a estes protestos. Um ataque na semana passada fez três mortes e mais de 20 feridos, somando assim um total de 28 mortos desde Novembro passado, quando começaram os protestos.

O líder do movimento pró-governamental – os ‘camisas vermelhas’ -, Jatuporn Prompan disse que o grupo iria aceitar a lei marcial mas que “não riria tolerar um golpe de estado ou quaisquer medidas anticonstitucionais”

AP/SOL