Preocupado com uma abstenção que se prevê possa chegar perto dos 70%, Paulo Portas aproveita a recta final para falar directamente aos eleitores e explicar a importância de não ficar em casa no domingo. E apesar de dedicar um longo parágrafo às razões para votar para o Parlamento Europeu, o líder do CDS não esquece que “não é só em Bruxelas que temos de defender o interesse nacional”.
E é aí que entra o ajuste de contas que Paulo Portas acha que os portugueses devem fazer com o passado, em vez de usar as eleições europeias para mostrar um cartão amarelo ao Governo.
“Agora que Portugal superou este ciclo e esta etapa, e a economia dá sinais de recuperar, votar PS é premiar o infractor”, escreve Portas, que não quer deixar passar em branco o regresso de Sócrates ao palco político na campanha de Francisco Assis, mesmo que apenas na arruada do Chiado.
“Politicamente, é até uma questão de pudor: se o PS glorifica na campanha o político directamente responsável pela chamada da troika, pela assinatura do memorando, e pelos compromissos de austeridade que nele ficaram inscritos, então o povo português, que sofreu o que sofreu por causa disso, deve dar a mais serena e democrática das respostas: não queremos voltar a passar pelo mesmo”, lê-se na carta dirigida aos centristas.
Portas diz compreender bem “as dificuldades, as dúvidas e mesmo a insatisfação” que a austeridade trouxe aos portugueses, mas sublinha o fim do “protectorado” associando a saída da troika ao regresso da decisão política para as mãos dos eleitores portugueses.
“Juntos, construiremos um futuro melhor. Foi esse o direito que os portugueses recuperaram no dia 17 de Maio”, remata numa carta que assina “com estima” e que começa com o apelo a que “a nossa gente vá votar no próximo domingo”.