Alheio às palavras de ódio, o Papa pretende circular num veículo descapotável, dispensando medidas extra de segurança na viagem de 24 a 26 de Maio pela Jordânia, onde já chegou,Palestina e Israel. Na comitiva leva o rabino de Buenos Aires e o professor muçulmano e presidente do Instituto do Diálogo Interreligioso da capital argentina – mas a agenda ecuménica não lhe merece simpatia entre os mais radicais dos ortodoxos.
Nas últimas semanas intensificaram-se os ataques a alvos cristãos: na Galileia, peregrinos foram apedrejados e um lugar de culto vandalizado; na Cidade Velha de Jerusalém, multiplicam-se as ofensas pintadas em igrejas e os ataques a cristãos.
À campanha de intimidação, as autoridades israelitas estão a responder com detenções e medidas cautelares. Alguns – a Polícia não especifica quantos – activistas de extrema-direita foram impedidos de entrar em Jerusalém durante a visita papal. "Estamos a reprimir duramente os suspeitos", garantiu o porta-voz da Polícia israelita. Micky Rosenfeld menoriza a questão: "Não é como lidar com uma organização terrorista". Opinião contrária tem a ministra da Justiça – Tzipi Livni defende que os grupos de extrema-direita por detrás destes ataques devem ser considerados terroristas.
Dos lugares visitados pelo Papa, o que exige maiores precauções é o do cenáculo de Jerusalém. Ali, onde se crê que Jesus partilhou a última ceia com os apóstolos, Francisco encerra a viagem à Terra Santa com uma missa. Mas aquele é também, segundo a tradição judaica, o túmulo do rei David. Apesar de as autoridades negarem, circulam rumores de que a soberania do espaço seria concedida ao Vaticano, o que irou os judeus radicais.