A estratégia parece ter resultado e o MPT foi a surpresa das europeias ao eleger não só Marinho Pinto como o segundo eurodeputado, José Inácio Faria, até então um desconhecido. E agora, MPT?
Na noite eleitoral, Marinho Pinto não excluiu uma eventual candidatura à Assembleia da República – “Poderei ser e poderei não ser” – e, numa entrevista ao Diário de Notícias, também não deixou de parte uma candidatura presidencial. Já José Inácio Faria garante que não ficou surpreendido por ter sido eleito e frisa que o MPT “anda a criar gás há vinte anos”.
“De ano para ano o MPT vai avançando, conseguiu cavalgar a onda com rapidez e isso traz bons augúrios para o MPT e por isso também para Portugal”, diz ao SOL. Tanto nas eleições europeias, como nas legislativas e autárquicas, o MPT nunca ultrapassou os 0,6% e agora atingiu 7,14%. José Inácio Faria, coordenador eleitoral do MPT e dirigente do partido há dez anos, acredita que Marinho Pinto “teve peso” mas que, mais que uma figura pública, o que interessa são as ideias e convicções transmitidas ao povo. “O Eusébio era uma figura pública e se se candidatasse não sei se teria estes resultados”, afirma.
A popularidade de Marinho Pinto, jornalista, advogado e comentador, homem que gera paixões e ódios, foi visível durante as acções de campanha. A eleição de dois eurodeputados do MPT, que congregou os votos de protesto, fez soar alarmes nos partidos tradicionais. Às acusações de populismo, o ex-bastonário contra-ataca, dizendo que foram os partidos a dar “um espectáculo degradante” e que isso representa a “falência de democracia”.
Durante a campanha eleitoral, Marinho Pinto defendeu a criação de um salário mínimo europeu, pensões mínimas europeias e um subsídio europeu de maternidade. E disse que iria ser uma “formiguinha” em Bruxelas.
No Parlamento Europeu, o MPT vai inserir-se na família ecologista europeia, os Verdes. “Queremos trazer Portugal para a Europa”, diz José Inácio Faria, referindo que há um défice de informação dos portugueses em relação à Europa que o MPT quer colmatar. Quanto às áreas-chave de acção vão ser a agricultura, pescas, mar e recursos do mar. E mais: “Queremos dar voz aos mais carenciados. Queremos devolver a esperança aos portugueses. Queremos que os portugueses sejam felizes”.
José Inácio Faria tem 52 anos é formado em Direito e durante quase duas décadas foi assessor jurídico na Câmara Municipal de Lisboa.