Costa anunciou na TVI que apresentará esta sexta-feira a sua candidatura formal a líder e fez um apelo aos socialistas: “enfiar a cabeça na vitória” de 31% das europeias era um erro que pagaríamos caro nas legislativas”. O presidente da câmara de Lisboa regista que houve uma mudança no PS na última semana, pois “a questão da liderança já está em aberto”.
Quanto às primárias, embora não sejam uma novidade no PS, são “uma ideia bastante tentadora e interessante”, desde que realizadas com rapidez e transparência. Reforçando a disponibilidade para o combate político, disse: “seja qual for o procedimento eu estarei lá”.
Costa aguarda que a direcção do PS esclareça na quinta-feira como vão ser realizadas as eleições primárias e que se fixem os prazos, para apresentar formalmente a sua candidatura. “Espero formalizar a minha candidatura na sexta-feira”, anunciou. No mesmo dia avançará também com as bases programáticas do seu projecto.
O socialista propõe uma “nova agenda”. “Isto não vai lá com choques tecnológicos ou fiscais”, mas “com um novo modelo de desenvolvimento”, baseado na qualificação. É prioritário “travar a dinâmica de retrocesso social” por fim “ao programa de ajustamento” levado a cabo por este Governo. Questionado sobre o que fará com o programa de 80 medidas de António José Seguro, respondeu que “o Novo Rumo não será desperdiçado” e não se voltará “à estaca zero”, perdendo os contributos de milhares de militantes.
A razão que levou Costa a apresentar a sua candidatura à liderança foi o apelo de militantes socialistas não só. “Não podia suportar que houvesse cidadãos que me julgassem indisponível”, ou que julgassem que estava “solidamente sentado na câmara de Lisboa”, a ambicionar “ser comissário europeu o candidato a Presidente da República” – afirmou. O socialista esclareceu que não tinha apresentado antes uma candidatura porque sempre entendeu que havia um candidato melhor ou que “as circunstâncias não eram adequadas”.
Mas agora, o PS tem problema sério. Há “risco sério de bloqueio da situação política em Portugal”, depois deu uma “derrota histórica da direita” sem uma “vitória histórica do PS”, como a que ele ambiciona para as legislativas. O “PS tem de ter ambição de um governo forte para provocar a mudança”, disse. Os “portugueses disseram (nas europeias) que ainda não tinham encontrado alternativa a este Governo”.
Em matéria de alianças, apontou que “só há diálogo com os outros se houver um pólo forte”. Questionado sobre um Bloco Central, com PSD, respondeu que o PS tem de ter mais que 31% para “que projecte a mudança” no PSD e no CDS, mudança que é também ambicionada pelos eleitores destes partidos. Costa invocou o seu percurso nas eleições para a câmara de Lisboa, em que começou por obter 29% na primeira vez que foi eleito, para, na última eleição ter subido acima dos 50%, concluindo pela sua capacidade de conseguir “votos de pessoas que não votam habitualmente no PS”.
Numa mensagem para os militantes socialistas, com uma indirecta implícita a Seguro, disse: “Os eleitorados movem-se em função da confiança que as lideranças inspiram”. E concluiu que “é preciso que algo aconteça para que esse resultado (das europeias) se repita”, um resultado com que não se conforma e que vê como uma “enorme fragilização da base política” do PS.
Costa rejeitou que o processo de disputa pela liderança enfraqueça o partido. “O PS não está esfrangalhado e sairá mais fortalecido”. Ao longo da entrevista evitou responder aos ataques, como a acusação de ter “espetado uma faca nas costas” de Seguro. “Não tenho nenhum problema pessoal com António José Seguro nem aceito que se coloque as questões nesses termos”.
