Herberto Helder lança ‘A Morte sem Mestre’

O novo livro de poesia inédita de Herberto Helder, ‘A Morte sem Mestre’, chega hoje às livrarias, anunciou a Porto Editora, que publica a obra.

A abrir o novo título, o poeta afirma: "Tudo quanto neste livro possa parecer acidental é de facto intencional", e acrescenta: "Peço por isso que um qualquer erro de ortografia ou sentido/seja um grão de sal aberto na boca do bom leitor impuro". Pela primeira vez, um livro de Herberto Helder inclui um CD com cinco poemas lidos pelo autor.

O poeta, de 83 anos, publicou "Servidões", no ano passado, uma obra também constituída apenas por poemas inéditos, com selo da Assírio & Alvim, "edição única", por vontade do autor, que se "esgotou em poucos dias", segundo a Porto Editora.

Apontado pela crítica especializada como um dos maiores poetas contemporâneos de Língua Portuguesa, Herberto Helder tem-se remetido ao silêncio, não dando entrevistas há mais de 20 anos. 

Em 1994, recusou o Prémio Pessoa, que lhe foi atribuído. "Seria vil aceitar, por causa do dinheiro", explicou então ao jornal Expresso, que confere a distinção, com o valor de sete mil contos, na altura (cerca de 35 mil euros).

Na edição de 17 de Dezembro de 1994, que se seguiu à reunião do júri, o Expresso reproduzia a declaração do próprio Herberto Helder: "Tenho de inventar a minha vida verdadeira".

Nascido no Funchal, frequentou o curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras de Lisboa, depois da entrada em Direito, e publicou o primeiro livro, "O Amor em visita", em 1958.

Viveu em França, Holanda e Bélgica, onde trabalhou como empregado numa cervejaria e empacotador de aparas de papel. No início da década de 1970, esteve nos Estados Unidos, depois de Angola, onde foi repórter de guerra e sofreu um acidente grave.

Revisitou, por diversas vezes, a obra poética em "Poesia Toda" (desde 1973), "Ofício Cantante" (em 1966 e 2009) e na síntese de "A Faca Não Corta o Fogo – Súmula & Inédita" (2008).

Sem deixar de publicar poesia, Herberto Helder teve a seu cargo, nos anos 1960, as bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, trabalhou na rádio, foi editor da revista literária Nova e director literário da Estampa.

"A Colher na Boca", "Poemacto", "O Bebedor Nocturno", "Photomaton & Vox", "A Cabeça entre as Mãos", "As Magias", "Do Mundo", "Os Passos em Volta" contam-se entre as obras de mais de meio século de carreira literária de Herberto Helder. 

"Queria fechar-se inteiro num poema" é um dos inéditos incluídos na obra que hoje chega às livrarias.

Lusa/SOl