No centenário do nascimento da autora, o Nascer do SOL publica nove poemas inéditos que constituem uma espécie de diário íntimo.
Unanimemente louvado como um livro central numa suposta renovação do campo da poesia portuguesa mais recente, “Mulher ao Mar” regressa, e o corpo lançado às vagas é já uma embarcação tripulada por uma série de vozes, sobretudo femininas (as “corsárias”), produzindo muita vozearia no convés, mas depois fica naquele tom amontoado, pairando no ar sem chegar…
Na mais recente edição do seu livro em constante reelaboração, Mulher ao Mar / E Corsárias, fica clara a dimensão omnívora desta poesia, em que todos os motivos são puxados para a oficina de Vale do Gato, numa sofreguidão em afirmar-se enquanto poesia e que faz com que nada lhe seja estrangeiro.
Há autores cuja influência é de tal modo radiante que se diz que fundam um género por si sós. Com a sua colossal memória, Borges fez mais do que escrever muitas das páginas mais aliciantes do século passado, tornou-se o guardador dessas passagens que os leitores criam entre as grandes obras literárias, e a sua…
O culto de mortificação que se constrói hoje de forma simétrica ao regime da consagração literária voltou a ser exposto quando os jovens editores de uma revista literária sentiram necessidade de ir buscar uma banalíssima composição inédita de Fernando Pessoa para obterem um destaque nos jornais.
Mais do que lançar o navio de espelhos no seu caminho, no centenário do poeta que suportou todo um porto clandestino contra adversidades absurdas, lembramos ainda Cesariny como esse antagonista central face a uma cultura perpetuamente enlutada, aquele que melhor confrontou, sem se deixar devorar, esse buraco negro em que Fernando Pessoa e os seus…
No ano em que se assinala o centenário do nascimento da poeta açoriana, a reedição da sua obra poética surgiu como uma nota de rodapé face ao destaque dado a uma portentosa biografia, persistindo a imagem da figura pública enquanto a recepção crítica que a obra merece continua à espera de uma geração de leitores…
Meio século depois, o túmulo de Pablo Neruda é ainda um túnel negro, “como se no coração nos afogássemos,/ como irmos caindo da pele até à alma”. Depois de várias perícias continuam as dúvidas sobre se morreu ou não envenenado, depois do golpe militar que derrubou Allende, e nos últimos anos, na sequência do MeToo,…
Hoje o futuro é um susto, mas enquanto o colapso não relança o jogo, surge-nos um livro de cumplicidades várias, em que versos e desenhos se entretecem a partir de frases e detalhes, figuras e lugares desviados dos escritos públicos e da correspondência da revolucionária marxista Rosa Luxemburgo com amigos e amantes, e que se…
Um dos nossos mais astuciosos erotistas, este poeta que viveu a melhor parte da sua vida numa vila da província alentejana, tem prosseguido num ciclo de obras em curso sob a designação geral de Metamorfoses aquela que é, entre nós, a obra poética mais implicada no retrato da vivência do desejo homossexual numa altura em…