Oi pede esclarecimentos à PT sobre investimentos na Rioforte

A operadora brasileira Oi, que está em processo de fusão com a Portugal Telecom (PT), declarou desconhecer o investimento da PT em papel comercial da Rioforte, pertencente ao Grupo Espírito Santo, e pediu esclarecimentos adicionais à empresa portuguesa.

Em comunicado datado de 2 de Julho, a Oi refere que "não foi informada, nem participou das decisões que levaram à realização das aplicações de recursos em questão" (cerca de 900 milhões de euros) e que este investimento foi feito antes do aumento de capital, através do qual os accionistas da PT passaram a deter uma participação de 37,4% na operadora brasileira.

A Oi adianta que "já solicitou esclarecimentos adicionais à Portugal Telecom", que "analisará as informações recebidas e tomará as medidas necessárias à defesa de seus interesses".

O investimento de 897 milhões de euros feito em papel comercial (títulos de dívida de curto prazo) da Rioforte, uma 'holding' do Grupo Espírito Santo (GES), já levou à demissão de dois representantes da Oi na administração da PT, segundo noticiou na quarta-feira o jornal brasileiro Valor Económico.

De acordo com o jornal, Otávio Azevedo e Fernando Magalhães Portella renunciaram aos cargos, tendo o primeiro confirmado que saiu devido ao investimento feito no GES.

"Já tinha planos para deixar o Conselho [de Administração da PT]. Ao me sentir desconfortável por ter tomado conhecimento da operação, que não é pequena, apenas quando foi divulgada por comunicado à imprensa, achei que era hora de sair", afirmou o administrador à principal publicação económica brasileira.

O responsável acrescentou que, após comunicar a sua decisão a Magalhães Portella, este também decidiu sair da administração da operadora portuguesa.

As saídas dos dois gestores foram oficialmente comunicadas pela PT à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) na terça-feira, um dia depois de a operadora portuguesa ter emitido um comunicado a esclarecer as aplicações de tesouraria que tem no GES.

"A PT subscreveu (…) um total de 897 milhões de euros em papel comercial da Rioforte com uma remuneração média anual de 3,6%", revelou a companhia.

A PT informou ainda que, além das aplicações em papel comercial, tem através de algumas subsidiárias depósitos bancários junto do Banco Espírito Santo (BES) que ascendem, em conjunto, a 128 milhões de euros.

"Os valores acima representam a totalidade da exposição ao GES/BES", sublinhou a operadora portuguesa, num comunicado assinado pelo presidente Henrique Granadeiro e pelo administrador Luís Pacheco de Melo.

Desde que o investimento da PT em papel comercial da Rioforte foi tornado público, as acções das duas operadoras (PT e Oi) desvalorizaram significativamente em bolsa.

O aumento da capital da Oi, concluído em Abril, foi um dos últimos passos para a concretização da fusão entre as duas operadoras de telecomunicações.

Em 2013, a PT e a Oi anunciaram a fusão para se converterem num dos 20 "gigantes" mundiais do sector das telecomunicações, dando origem a uma nova empresa, a CorpCo.

Lusa/SOL