Vítor Bento oficialmente proposto como presidente do BES

O Espírito Santo Financial Group (ESFG) anunciou hoje que vai propor Vítor Bento para presidente executivo do Banco Espírito Santos (BES) e João Moreira Rato para administrador financeiro, num comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Vítor Bento oficialmente proposto como presidente do BES

Se as propostas forem ratificadas na assembleia geral de accionistas do banco, marcada para 31 de Julho, o actual presidente da SIBS (entidade que gere o Multibanco) vai passar a liderar o BES, substituindo no cargo Ricardo Salgado, enquanto o presidente do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), João Moreira Rato, passará a ocupar o lugar de Amílcar Morais Pires, que chegou a ser um dos nomes apontados para suceder ao histórico líder do BES.

As propostas do ESFG, que detém 25% do BES, surgem na "sequência dos acontecimentos públicos que se verificaram posteriormente à convocação da assembleia geral" do BES e "após consulta prévia a outros accionistas de referência" da instituição até agora liderada por Ricardo Salgado, como o grupo francês Crédit Agricole, que tem uma participação de 15%.

No comunicado enviado à CMVM, o ESFG aponta ainda o deputado social-democrata e ex-juiz do Tribunal Constitucional, Paulo Mota Pinto, para o cargo de presidente do Conselho de Administração.

Com estas nomeações "dá-se resposta célere à reorganização da Administração do BES sendo nossa convicção de que o BES ficará dotado de uma liderança independente que (…) assegura uma transição que garanta aos accionistas e demais 'stakeholders' a confiança na instituição BES", destaca-se na mesma nota.

O ESFG sublinha, por outro lado, "a elevação com que o Dr. Amílcar Morais Pires agiu nestas circunstâncias delicadas, na fase de transição do BES para uma nova etapa, reconhecendo todos o meritório trabalho por ele realizado".

Amílcar Morais Pires, o braço-direito de Ricardo Salgado, chegou a ser proposto pelo ESFG, para assumir a presidência executiva do banco.

Entre os pontos de trabalho sugeridos para a próxima assembleia geral de accionistas, inclui-se igualmente uma deliberação "sobre a alteração parcial do contrato de sociedade, com vista a reforçar a Governance do BES".

O processo de reestruturação do BES, que culminará com a saída do líder histórico Ricardo Salgado da presidência executiva, tem sido marcado por polémicas que implicaram uma acentuada desvalorização das acções do banco nos últimos dias.

O supervisor bancário veio mesmo a público assegurar que o Banco Espírito Santo (BES) se encontra numa situação de solvabilidade "sólida" e que estava a acompanhar de perto a situação no banco.

"A situação de solvabilidade do BES é sólida, tendo sido significativamente reforçada com o recente aumento de capital", referia uma nota enviada aos meios de comunicação social.

"O Banco de Portugal tem vindo a adoptar um conjunto de acções de supervisão, traduzidas em determinações específicas dirigidas à ESFG [Espírito Santo Financial Group] e ao BES, para evitar riscos de contágio ao banco resultantes do ramo não financeiro do GES [Grupo Espírito Santo]", informou a entidade liderada por Carlos Costa.

O supervisor vincou que o GES possui uma área financeira, composta por bancos ou por outras entidades financeiras, como é o caso da seguradora Tranquilidade, e uma área não financeira.

"O Banco de Portugal tem a responsabilidade de supervisionar apenas parte do ramo financeiro do GES", frisou o regulador bancário, especificando que aqui se inclui a ESFG que, até ao último aumento de capital do BES (16 de junho), detinha a maioria do capital do banco.

"Na medida em que o BES constitui a instituição de crédito do grupo ESFG com um total de balanço mais elevado, cabe ao Banco de Portugal a competência pela supervisão em base consolidada da ESFG", sublinhou.

Já as entidades do ramo não financeiro do GES "não se encontram sujeitas à supervisão do Banco de Portugal, dado que não integram o perímetro prudencial do grupo bancário sujeito à supervisão do Banco de Portugal (ao nível da ESFG) e na medida em que não são consideradas empresas-mãe ou filiais de instituição de crédito", acrescentou.

Lusa/SOL