BdP: Clientes do BES ‘podem estar tranquilos’

O Banco de Portugal esclareceu hoje que o Banco Espírito Santo (BES) detém um montante de capital “suficiente” para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição ao Grupo Espírito Santo, tranquilizando os clientes em relação aos seus depósitos.

"Não existem motivos que comprometam a segurança dos fundos confiados ao BES, pelo que os seus depositantes podem estar tranquilos", escreve a instituição liderada por Carlos Costa, em comunicado.

O Banco de Portugal (BdP) esclarece, assim, que "tendo em conta a informação reportada pelo BES e pelo seu auditor externo (KPMG), o BES detém um montante de capital suficiente para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição assumida perante o ramo não financeiro do Grupo Espírito Santo (GES) sem pôr em causa o cumprimento dos rácios mínimos em vigor".

De acordo com o BdP, o esclarecimento surge em face do comportamento "especialmente adverso" no mercado de capitais nacional decorrente da incerteza latente sobre a situação financeira do BES.

No documento, a instituição lembra que a situação do ramo não financeiro do GES foi detectada na sequência de uma auditoria transversal realizada por entidade independente por determinação do Banco de Portugal, no final de 2013, aos oito maiores grupos bancários portugueses.

"Recorda-se ainda que, na sequência das conclusões extraídas dessa auditoria, foram determinadas várias medidas destinadas a salvaguardar a posição financeira do BES relativamente aos riscos emergentes do ramo não financeiro do GES", refere.

"Importa sublinhar que esta auditoria concluiu um ciclo de quatro ações transversais de inspecção desenvolvidas pelo Banco de Portugal desde 2011 e que permitiram uma revisão aprofundada das carteiras de crédito dos principais bancos portugueses", acrescenta.

As acções do BES mantém-se suspensas desde o final da manhã de quinta-feira, assim como as do Espírito Santo Financial Group (ESFG), que no mesmo dia, logo ao início da manhã, solicitou a suspensão da negociação dos seus títulos e obrigações nas bolsas de Lisboa e do Luxemburgo.

Já perto das 00h00, o BES emitiu um comunicado no qual garantiu que que as potenciais perdas resultantes da exposição ao GES "não põem em causa o cumprimento dos rácios de capital".

No texto, o BES explica que a almofada de capital de que dispõe, no valor de cerca de 2,1 mil milhões de euros, é suficiente para fazer face à exposição que tem ao GES.

A instituição – que adiantou que a 30 de Junho a exposição face ao GES era de 1,18 mil milhões de euros – comprometeu-se ainda "a não aumentar a exposição total ao GES".

Apesar dos esclarecimentos do BES, o regulador do mercado (CMVM) decidiu hoje manter a suspensão do BES para avaliar "a informação prestada" pela entidade financeira na quinta-feira sobre a sua exposição ao Grupo Espírito Santo (GES).

Lusa/SOL