Moody’s corta ‘rating’ do BES para B3

A Moody’s cortou hoje o ‘rating’ da dívida de longo prazo do Banco Espírito Santo (BES) em três níveis, para B3, e baixou também a nota atribuída aos depósitos de longo prazo do banco em dois níveis, para B2.

Em comunicado hoje emitido, a agência de notação financeira argumenta a decisão com preocupações sobre a capacidade de crédito do banco, as quais foram agravadas pela "falta de transparência quanto à autonomização do BES" em relação à Espírito Santo International (ESI).

O corte das notas atribuídas ao BES "reflectem as preocupações da Moody's com a capacidade de crédito do BES, que foram agravadas pela falta de transparência quanto à autonomização do BES em relação a quaisquer problemas que surjam através do Espírito Santo Financial Group (ESFG) ou qualquer outra entidade do grupo".

Além disso, a Moody's refere-se ainda a uma "elevada probabilidade de apoio do Governo português ao banco em caso de necessidade", justificando a diferença entre o 'rating' da dívida e o dos depósitos com o "risco maior para os detentores de dívida do que para os depositantes do banco".

A decisão reflecte ainda o corte em três níveis da nota atribuída ao ESFG, o maior accionista do BES, para Caa2, que sucedeu na quarta-feira.

Os 'ratings' do BES foram colocados sob revisão em baixa, o que significa que a Moody's pode voltar a cortar a nota do banco, disse a instituição, acrescentando que e "é pouco provável" que haja uma melhoria das notas.

A Moody's indicou que pode cortar novamente os 'ratings' do banco "em resultado da evolução das perspectivas de apoio sistémico em Portugal e na União Europeu, tendo em conta os recentes desenvolvimentos em relação ao mecanismo de resolução".

Nas últimas semanas, foram tornados públicos vários problemas no Grupo Espírito Santo (GES), a que se juntam alterações na gestão do BES, com a saída do líder histórico do banco, Ricardo Salgado.

Depois de inicialmente ter sido apontado o actual administrador financeiro Morais Pires para presidente executivo do banco, no sábado, o ESFG anunciou os nomes do economista Vítor Bento (actual presidente da gestora do Multibanco, SIBS) para presidente executivo e de João Moreira Rato (actual presidente do IGCP, entidade responsável pela emissão e gestão da dívida pública) para administrador financeiro. Já o deputado social-democrata e ex-juiz do Tribunal Constitucional Paulo Mota Pinto será presidente do Conselho de Administração.

Na quinta-feira, o BES garantiu, em comunicado, que as potenciais perdas resultantes da exposição ao Grupo Espírito Santo (GES) "não põem em causa o cumprimento dos rácios de capital" e explicitou que detinha 2,1 mil milhões de euros acima do rácio mínimo regulamentar e uma exposição de 1,182 mil milhões de euros ao grupo.

Hoje, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse que os depositantes do BES têm razões para confiar no banco e afirmou não ter dúvidas quanto à tranquilidade do sistema financeiro português.

Também durante a manhã de hoje, o Banco de Portugal saiu a público para garantir que o BES detém um montante de capital "suficiente" para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição ao GES, tranquilizando os clientes em relação aos seus depósitos.

Lusa/SOL