"Julgo que era importante para todos que, tão rápido quanto possível, o grupo organizasse junto dos seus credores as negociações que são necessárias para que, de uma forma ordenada, eventuais incumprimentos do grupo venham a não ter impacto relevante em termos macroeconómicos e possam, evidentemente, ser minimizados numa base de negociação", acentuou o chefe do Governo, numa declaração à margem da conferência internacional "Problemas Sociais Complexos – Desafios e Respostas", que decorre no Palácio da Ajuda, em Lisboa
Passos Coelho admitiu que a negociação "é uma matéria que não diz respeito ao Estado", mas insistiu que seria "de relevância para toda a economia que o processo possa ser conduzido pelo Grupo Espírito Santo da forma mais ordenada possível e mais expedita possível".
O primeiro-ministro voltou a rejeitar uma necessidade iminente de intervenção do Estado no BES, recordando que o banco tem margem de manobra para fazer face aos problemas.
"Não há nenhuma razão que aponte para que haja uma necessidade de intervenção do Estado num banco que tem capitais próprios sólidos, que apresenta uma margem confortável para fazer face a todas as contingências, mesmo que elas se revelem absolutamente adversas, o que não acontecerá com certeza", sustentou.
Passos Coelho recordou que "a exposição que o banco tem ao Grupo Espírito Santo é hoje conhecida com detalhe, mas não implica a perda dos direitos que existem do banco sobre o grupo".
E, mesmo num cenário adverso, o banco "continua a ter uma situação de capital que é sólida", reforçou, numa mensagem tranquilizadora "para todos os investidores".
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) determinou hoje o levantamento da suspensão das acções do Banco Espírito Santo (BES), que estavam sem transaccionar desde quinta-feira ao final da manhã, disse fonte do regulador à Lusa.
"O Conselho Directivo da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deliberou o levantamento da suspensão da negociação das acções do Banco Espírito Santo, S.A., por terem cessado os motivos que justificaram a suspensão", refere o regulador do mercado em comunicado entretanto enviado.
A determinação da suspensão das acções do BES por parte da CMVM foi feita na quinta-feira ao final da manhã, com o regulador a explicar que aguardava por "informação relevante" por parte da instituição financeira e depois do Espírito Santo Financial Group (ESFG) ter solicitado a suspensão da negociação dos seus títulos e obrigações nas bolsas de Lisboa e do Luxemburgo ao início da manhã.
Na altura da suspensão, na quinta-feira, as acções do BES perdiam mais de 17% para 0,51 euros, enquanto as do ESFG interromperam as transacções quando estavam a cair 8,9% para 1,19 euros.
Lusa/SOL