Sublinhando que, de ambos os lados, os empresários "estão habituados a trabalhar com dificuldades", o dirigente sustentou, em declarações à margem da Feira Internacional de Luanda (FILDA), que decorre na capital angolana até domingo, que as trocas comerciais não foram afectadas por questões políticas.
"Ao longo destas minicrises que se passaram as relações económicas, comerciais, de investimento, não pararam, continuaram. A economia tem sido o principal motor das relações entre Portugal e Angola", disse Carlos Bayan Ferreira.
O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, anunciou em Outubro de 2013, em Luanda, o fim da parceria estratégica com Portugal.
Actualmente, estão instalados em Angola, segundo dados oficiais, cerca de 8.800 empresas portuguesas e 2013 registou o recorde de 7.500 milhões de euros nas trocas comerciais entre os dois países.
As exportações angolanas para Portugal estão a crescer e no sentido contrário Angola é o principal mercado das exportações portuguesas fora da União Europeia.
Apesar da dimensão destas trocas comerciais, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola afirma que, antes da incursão no mercado angolano, os empresários devem ter preocupações redobradas.
"A pessoa que vem para cá não pode vir em desespero, à procura da sobrevivência. Vem para aqui à procura do seu futuro e do futuro do desenvolvimento de Angola", aponta, recordando a necessidade, recíproca para os empresários angolanos que querem avançar para Portugal, de encontrar parceiros locais.
"A filosofia é essa, investindo em parceiros locais, e penso que estamos a caminhar nesse sentido. Independentemente dos incidentes que acontecem, nunca gostamos deles, dizemos aos empresários para não desistir", sublinhou.
Em Angola, a qualidade e quantidade dos quadros nacionais, ainda "insuficientes para todas as necessidades", além da falta de infra-estruturas, são os principais problemas identificados pela Câmara de Comércio e Indústria.
"Angola é um país de muitas potencialidades mas também tem muitos riscos. Mas investir sem risco, não é um investimento. Vir para cá sem preparação financeira e técnica não é bom caminho e é melhor escolher outro país", afirma Carlos Bayan Ferreira.
Dos governantes, nomeadamente portugueses – no âmbito da FILDA visitaram Luanda, esta semana, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e o ministro da Economia, António Pires de Lima -, os empresários esperam apenas que não sejam "colocadas barreiras".
"Tudo o que é burocracia a mais atrasa novos investimentos, atrasa novos postos de trabalho, atrasa o desenvolvimento da economia e das nossas relações comerciais. É só isso que pedimos", rematou.
Lusa/SOL