Esteve envolvido nos processos Monte Branco, Face Oculta, Furacão, Remédio Santo ou BPN, tendo sido ele a deter o advogado Duarte Lima, a decretar a prisão preventiva de Oliveira Costa ou a pronunciar Isaltino Morais, por exemplo. É o único juiz do TCIC e por isso acumula todos os processos criminais especialmente complicados e que, simultaneamente, abranjam vários distritos judiciais.
Por não haver quem o substitua, quando vai de férias os processos urgentes ali apreciados são encaminhados para o juiz de turno do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa. Mas não há memória de que tal tenha acontecido: “Mesmo nas férias, o juiz Carlos Alexandre nunca está mais de três ou quatro dias sem vir ao tribunal”, garante um funcionário.
Não se conhece segurança pessoal ao ‘superjuiz’, que é um homem discreto e muda com frequência de telemóvel por receio de estar a ser escutado. Apesar do low profile, está nas redes sociais desde 2011, quando um grupo de admiradores lhe criou uma página no Facebook, como figura pública. Aqui lhe elogiam a luta contra a corrupção, e se desde 2012 a página registava pouca actividade, ontem, quando Ricardo Salgado foi detido, a quase desconhecida página registou um pico de ‘likes’.
Também em 2012, uma petição pública pedia Carlos Alexandre à frente da Procuradoria-Geral da República. "Os subscritores desta petição pública solicitam ao Primeiro-Ministro que se digne propor em nome do Governo ao Presidente da República, e que este nomeie, o juiz Carlos Alexandre para tomar posse como novo PGR", lia-se no documento que esteve online quando Pinto Monteiro atingiu a idade da reforma.
Nasceu em Mação e esteve no Tribunal de Sintra, antes de assumir a presidência do TCIC em 2006. O facto de uma pessoa só acumular tantos e tão complexos processos tem sido alvo de críticas dentro da magistratura. Mas tudo mudará a 1 de Setembro, quando entrar em vigor o novo mapa judiciário. A nova organização dos tribunais prevê que o quadro do Tribunal Central de Instrução Criminal seja reforçado com mais um juiz.