Quem é Carlos Alexandre, o juiz que mandou prender Salgado?

O juiz que na quinta-feira ordenou a detenção de Ricardo Salgado e lhe exigiu o pagamento de três milhões de euros para poder sair do tribunal está habituado a processos difíceis. Pelas mãos de Carlos Alexandre, de 52 anos, e que preside ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), passam todos os casos de criminalidade…

Esteve envolvido nos processos Monte Branco, Face Oculta, Furacão, Remédio Santo ou BPN, tendo sido ele a deter o advogado Duarte Lima, a decretar a prisão preventiva de Oliveira Costa ou a pronunciar Isaltino Morais, por exemplo. É o único juiz do TCIC e por isso acumula todos os processos criminais especialmente complicados e que, simultaneamente, abranjam vários distritos judiciais.

Por não haver quem o substitua, quando vai de férias os processos urgentes ali apreciados são encaminhados para o juiz de turno do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa. Mas não há memória de que tal tenha acontecido: “Mesmo nas férias, o juiz Carlos Alexandre nunca está mais de três ou quatro dias sem vir ao tribunal”, garante um funcionário.

Não se conhece segurança pessoal ao ‘superjuiz’, que é um homem discreto e muda com frequência de telemóvel por receio de estar a ser escutado. Apesar do low profile, está nas redes sociais desde 2011, quando um grupo de admiradores lhe criou uma página no Facebook, como figura pública. Aqui lhe elogiam a luta contra a corrupção, e se desde 2012 a página registava pouca actividade, ontem, quando Ricardo Salgado foi detido, a quase desconhecida página registou um pico de ‘likes’.

Também em 2012, uma petição pública pedia Carlos Alexandre à frente da Procuradoria-Geral da República. "Os subscritores desta petição pública solicitam ao Primeiro-Ministro que se digne propor em nome do Governo ao Presidente da República, e que este nomeie, o juiz Carlos Alexandre para tomar posse como novo PGR", lia-se no documento que esteve online quando Pinto Monteiro atingiu a idade da reforma.

Nasceu em Mação e esteve no Tribunal de Sintra, antes de assumir a presidência do TCIC em 2006. O facto de uma pessoa só acumular tantos e tão complexos processos tem sido alvo de críticas dentro da magistratura. Mas tudo mudará a 1 de Setembro, quando entrar em vigor o novo mapa judiciário. A nova organização dos tribunais prevê que o quadro do Tribunal Central de Instrução Criminal seja reforçado com mais um juiz.

joana.f.costa@sol.pt