No último fim-de-semana de Julho, Miguel Albuquerque andou pelas barraquinhas com um exército de apoiantes. No dia seguinte, escreveu na página da candidatura, no Facebook: “O discurso do Chão da Lagoa [de Jardim] ultrapassou as expectativas pela negativa. Um chorrilho de fantasias assentes na radicalização, no insulto e no ressentimento… um líder, ausente da realidade, a dançar sobre o vulcão, convicto que o sol gira à volta da terra”.
Jardim queixara-se do PSD-M e ameaçara continuar na política “com outra formação política”, admitiu.
Por seu turno, João Cunha e Silva também contou com muitos apoiantes na Herdade. A visita pelas barracas foi animada e Cunha e Silva não teve mãos a medir nos contactos com os militantes. Na sexta-feira anterior, na formalização da candidatura à liderança do PSD-M, numa manifestação de força, Cunha e Silva levou dezenas de apoiantes à sede do partido. Só eram precisas 100, mas o 'vice' entregou no partido 1000 assinaturas.
No Chão da Lagoa, a surpresa chegou de Miguel de Sousa. O ex-'vice' de Jardim e 'delfim' mais antigo do PSD-M até conseguiu uma das barracas da Herdade onde improvisou uma sede de campanha.
Candidaturas em vias de facto
Mas o momento do dia aconteceu pouco depois das 17h30. Cândido Pereira, ex-deputado regional e ex-candidato a presidente da Câmara do Porto Santo, envergando uma t-shirt de apoio a Manuel António Correia, travou-se de razões com Elmano Gonçalves, elemento do secretariado do partido, apoiante de Miguel Albuquerque. A briga começou nas palavras e chegou a vias de facto.
Recorde-se que estão na corrida à liderança do PSD-M, João Cunha e Silva, Miguel de Sousa, Sérgio Marques, Manuel António Correia e Miguel Albuquerque, este último acusado por Jardim de pertencer à maçonaria e à 'Madeira Velha'.
Uma sondagem publicada a 25 de Julho pelo DN-Madeira dá a Miguel Albuquerque 41,4% das intenções de voto; 21,5% a Cunha e Silva; 8,1% a Sérgio Marques; 4,8% a uma hipotética candidatura de Jaime Ramos; 3,8% a Manuel António Correia e 2,7% a Miguel de Sousa.
Quanto ao futuro político de Jardim, o mais certo é que, a partir de Janeiro de 2015, assuma o lugar de deputado na Assembleia da República para onde foi sucessivamente eleito ao longo dos últimos 36 anos (é o político português há mais tempo no poder, tendo ultrapassado Salazar a 10 de Junho último).
O histórico líder da Madeira está, para já, fora da corrida à liderança do PSD-M… mas nunca se sabe. Depois das férias estivais no Porto Santo, poderá voltar “com o vigor de um jovem de 19 anos”. Até 19 de Novembro podem ser apresentadas listas à liderança do PSD-M.
A 14 de Março de 2014, Jardim afirmou estar “cansado” do PSD-M. “Não estou cansado da Madeira, estou cansado do PSD-Madeira”, salientou. Em 2011 – depois de em Janeiro ter estado hospitalizado com problemas cardíacos – foi aconselhado pelos médicos a abrandar a actividade política.