Amigo pessoal do candidato Miguel de Sousa, Alberto da Ponte terá sondado António Cunha Vaz para liderar a estratégia de comunicação da campanha de Miguel de Sousa. Acontece que a consultora de comunicação e marketing Cunha Vaz & Associados é, desde 2008, prestadora de serviços à Electricidade da Madeira, empresa tutelada por João Cunha e Silva, um dos candidatos à sucessão de Jardim e vice-presidente do Governo Regional.
Levantada a dúvida se seria a empresa pública a suportar as despesas com a campanha de imagem de Cunha e Silva, o DN-Madeira tem sido palco de uma troca de acusações entre Miguel de Sousa e Cunha e Silva, com declarações pelo meio de Cunha Vaz e Alberto da Ponte.
“Confirmo que, na sequência de uma conversa com o Dr. Miguel de Sousa, perguntei ao Dr. Cunha Vaz se queria/podia apoiar profissionalmente o senhor Dr. Miguel de Sousa. Respondeu que não iria fazer campanha nenhuma, mas, se fizesse, faria a do amigo [Sr. Dr. Cunha e Silva], mensagem que transmiti ao senhor Dr. Miguel de Sousa”, disse Alberto da Ponte ao DN-Madeira.
O presidente da RTP é amigo de Miguel de Sousa desde o tempo em que era líder da Central de Cervejas e este administrador da Empresa de Cervejas da Madeira. “Quanto ao uso do meu nome, preferia que não tivesse sido feito, mas como a minha intervenção foi a título pessoal, não lhe dou especial relevo”, acrescentou Alberto da Ponte. Mais tarde, veio clarificar a situação: “A tentativa de ‘ajudar’ Miguel de Sousa… foi gesto meu, morto à nascença”.
Também Cunha Vaz veio esclarecer que o apoio a Cunha e Silva faz-se não como agência, mas “a título gratuito e de amizade”.
Já Miguel de Sousa foi mais duro nas acusações a Cunha Vaz: “Cunha Vaz não é polémico mas mentiroso. Mente descaradamente com interesse próprio ditado pelo seu envolvimento na campanha eleitoral do PSD. Trabalha para a candidatura de Cunha e Silva, que tutela a Empresa de Electricidade. Juntam-se os Cunhas”, acusou em comunicado. “Com o Dr. Alberto da Ponte existe recíproca amizade, sem interesse, enquanto entre ele e o Dr. Cunha Vaz é a habitual amizade de negócios. Sabe-se como é”, acrescentou.
PS pede inquérito parlamentar
Por seu turno, Cunha e Silva assegurou que Cunha Vaz colabora “como amigo” na sua candidatura e apenas em Lisboa. E assegura desconhecer os termos da prestação de serviços da Cunha Vaz à Electricidade da Madeira.
Da polémica nasceu, entretanto, um pedido de inquérito parlamentar apresentado pelo deputado socialista na Assembleia Regional, Carlos Pereira. O PS quer saber até que ponto o apoio de Cunha Vaz a Cunha e Silva se faz a troco de contratos de prestação de serviços na eléctrica madeirense.
Miguel de Sousa, deputado do PSD, pondera votar a favor do inquérito ao lado dos deputados do PS, rompendo a disciplina partidária imposta pelo PSD.
Na corrida à sucessão de Alberto João Jardim, estão cinco nomes: Miguel Albuquerque, João Cunha e Silva, Manuel António Correia, Sérgio Marques e Miguel de Sousa. As directas no PSD-Madeira acontecem a 19 de Dezembro com provável segunda volta dez dias depois. O congresso que consagrará o novo líder está marcado para 10 de Janeiro de 2015.