Seguro recusa liderar governo minoritário

António José Seguro recusa liderar um governo minoritário, mas não adianta com qual dos partidos prefere fazer alianças de governo ou de incidência parlamentar. 

Seguro recusa liderar governo minoritário

“Não descartamos acordos de incidência governamental e tudo faremos para obter acordos de incidência parlamentar. Os tempos não estão para soluções frágeis ou precárias. Na hipótese, que não desejo, de o PS não ter maioria absoluta, não liderarei um governo minoritário”, afirmou o líder do PS, referindo que trabalhará para construir um governo com base maioritária. 

Mas com quem? Seguro excluiu todos os partidos que defendam “a destruição do Estado social” e das funções sociais do Estado como a educação e a saúde, “a saída de Portugal da União Europeia e do euro” e, ainda, aqueles que defendam uma política de privatização de empresas públicas em sectores-chave como as águas, CGD e RTP. 

Tendo em conta que Seguro acusa PSD e CDS de atacar o Estado Social e à esquerda se admite que o cenário da saída do euro possa ser considerado, quem sobra para um acordo com o PS? Seguro não esclareceu. Contudo, comprometeu-se a fazer um referendo interno para que sejam os militantes a decidir. “Uma coligação não pode resultar de arranjinhos de poder ou caprichos pessoais”, defendeu. 

Seguro apresentou esta manhã a Moção Política sobre as Grandes Opções de Governo, um documento obrigatório para concorrer às primárias. Mas o documento não trouxe novidades – “A minha novidade é uma vez mais a coerência”, avisou Seguro. Aliás, era exactamente o mesmo projecto apresentado em Maio chamado, na altura, de “Contrato de Confiança”. “O país não mudou, eu não mudei no que defendo para Portugal, o que penso é o mesmo que pensava há três meses e há três anos quando me candidatei num momento difícil no PS”, afirmou Seguro. E deixou um recado a António Costa: um programa não pode resultar de uma “redacção em sala fechada feita por meia dúzia de pessoas, que a impõe ao país para justificar um projecto de poder”. 

O líder do PS definiu quatro eixos na sua estratégia de governo: uma “política de estabilidade”, sublinhando que “o próximo governo não pode ser turno”, o respeito pela Constituição, ética e responsabilidade na política e ser uma voz firme na Europa. 

Num novo recado a Costa, Seguro voltou a defender uma “total separação entre política e negócios” e a reafirmar que vai apresentar uma nova lei de incompatibilidades, que obrigue a que todos os deputados apresentem uma declaração com todos os rendimentos, e uma alteração à lei eleitoral com a redução do número de deputados. Comprometeu-se, ainda, a que o próximo Governo, e também institutos públicos, forneçam publicamente toda a informação relativa aos estudos e pareceres encomendados. 

Já no que toca à Europa, Seguro afirmou que o Tratado Orçamental “está coxo”e “não pode servir de colete de forças” aos governos que tenham como prioridade o crescimento económico. O líder socialista garantiu o compromisso de respeito ao Tratado Orçamental, mas quer um novo Tratado “que aprofunde a dimensão política, económica e social” e não tenha como prioridade apenas a política monetária, cambial e o apoio ao sistema bancário. “É preciso uma política de crescimento económico. A Europa está a falhar na sua missão”, concluiu. 

Sobre a questão da dívida, Seguro defendeu o pagamento de “todos os cêntimos” mas defendeu a renegociação das condições de pagamento, nomeadamente através da renegociação de juros mais baixos, do alargamento de maturidades e do período de carência da amortização dos juros. 

 

sonia.cerdeira@sol.pt