“Não descartamos acordos de incidência governamental e tudo faremos para obter acordos de incidência parlamentar. Os tempos não estão para soluções frágeis ou precárias. Na hipótese, que não desejo, de o PS não ter maioria absoluta, não liderarei um governo minoritário”, afirmou o líder do PS, referindo que trabalhará para construir um governo com base maioritária.
Mas com quem? Seguro excluiu todos os partidos que defendam “a destruição do Estado social” e das funções sociais do Estado como a educação e a saúde, “a saída de Portugal da União Europeia e do euro” e, ainda, aqueles que defendam uma política de privatização de empresas públicas em sectores-chave como as águas, CGD e RTP.
Tendo em conta que Seguro acusa PSD e CDS de atacar o Estado Social e à esquerda se admite que o cenário da saída do euro possa ser considerado, quem sobra para um acordo com o PS? Seguro não esclareceu. Contudo, comprometeu-se a fazer um referendo interno para que sejam os militantes a decidir. “Uma coligação não pode resultar de arranjinhos de poder ou caprichos pessoais”, defendeu.
Seguro apresentou esta manhã a Moção Política sobre as Grandes Opções de Governo, um documento obrigatório para concorrer às primárias. Mas o documento não trouxe novidades – “A minha novidade é uma vez mais a coerência”, avisou Seguro. Aliás, era exactamente o mesmo projecto apresentado em Maio chamado, na altura, de “Contrato de Confiança”. “O país não mudou, eu não mudei no que defendo para Portugal, o que penso é o mesmo que pensava há três meses e há três anos quando me candidatei num momento difícil no PS”, afirmou Seguro. E deixou um recado a António Costa: um programa não pode resultar de uma “redacção em sala fechada feita por meia dúzia de pessoas, que a impõe ao país para justificar um projecto de poder”.
O líder do PS definiu quatro eixos na sua estratégia de governo: uma “política de estabilidade”, sublinhando que “o próximo governo não pode ser turno”, o respeito pela Constituição, ética e responsabilidade na política e ser uma voz firme na Europa.
Num novo recado a Costa, Seguro voltou a defender uma “total separação entre política e negócios” e a reafirmar que vai apresentar uma nova lei de incompatibilidades, que obrigue a que todos os deputados apresentem uma declaração com todos os rendimentos, e uma alteração à lei eleitoral com a redução do número de deputados. Comprometeu-se, ainda, a que o próximo Governo, e também institutos públicos, forneçam publicamente toda a informação relativa aos estudos e pareceres encomendados.
Já no que toca à Europa, Seguro afirmou que o Tratado Orçamental “está coxo”e “não pode servir de colete de forças” aos governos que tenham como prioridade o crescimento económico. O líder socialista garantiu o compromisso de respeito ao Tratado Orçamental, mas quer um novo Tratado “que aprofunde a dimensão política, económica e social” e não tenha como prioridade apenas a política monetária, cambial e o apoio ao sistema bancário. “É preciso uma política de crescimento económico. A Europa está a falhar na sua missão”, concluiu.
Sobre a questão da dívida, Seguro defendeu o pagamento de “todos os cêntimos” mas defendeu a renegociação das condições de pagamento, nomeadamente através da renegociação de juros mais baixos, do alargamento de maturidades e do período de carência da amortização dos juros.