O anúncio foi feito pelo responsável de Preços Justos, Andrés Eloy Méndez, e o sistema deverá estar em funcionamento até ao final do ano, servindo ainda para combater a economia informal.
"Trata-se de estabelecer os parâmetros necessários, não só no sistema privado de alimentação, mas também no público. Assim protegeremos as famílias que fazem as suas compras normais. Na medida em que transcorra o tempo de funcionamento vamos ter as prateleiras mais cheias", disse.
O sistema biométrico terá características semelhantes às do programa Sistema de Abastecimento Seguro (SAS), que o Governo venezuelano desenvolveu nas redes públicas de distribuição de alimentos e que, segundo várias fontes, consiste na atribuição de um cartão numerado com os dados do cliente e que estará associado às suas impressões digitais.
O SAS é actualmente executado pelas redes estatais de supermercados Pdval, Mercal e Bicentenário, em localidades próximas da fronteira Colômbia-Venezuela onde, segundo as autoridades, se registam os maiores índices de contrabando.
Segundo Andrés Eloy Méndez, os donos dos supermercados privados do país já foram informados da decisão governamental, estando as autoridades a recolher dados sobres os padrões de consumo dos venezuelanos para planificar os sistemas de distribuição e abastecimento de produtos.
A entrada em vigor do sistema biométrico ocorre numa ocasião em que os venezuelanos se queixam da falta de produtos básicos nos supermercados.
No passado dia 11, a Venezuela enviou pelo menos 17.000 militares para a fronteira com a Colômbia, como uma de várias medidas para combater o contrabando de produtos básicos e de combustível, que gera prejuízos nos dois países.
O envio dos militares ocorreu horas antes de a Venezuela encerrar, pela primeira vez, a fronteira entre ambos países, para combater o contrabando de produtos, o que é contestado pelas autoridades colombianas.
O encerramento terá lugar durante 30 dias, durante o período da noite, entre as 22h00 e as 05h00 (entre as 03h30 e as 10h30 em Lisboa).
Segundo o governo venezuelano, os presidentes da Venezuela e da Colômbia, Nicolás Maduro e Juan Manuel Santos, respectivamente, debateram a questão do contrabando numa reunião no passado dia 1 em Cartagena, na Colômbia.
Na ocasião, os dois dirigentes concordaram em lutar contra o contrabando e em criar centros de comando e de controlo partilhado ao longo dos mais de 2.200 quilómetros de fronteira comum.
Com as maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela é o país com a gasolina mais barata, em que um depósito de um veículo atestado custa menos do que uma garrafa de água.
Em Caracas um litro de gasolina custa o equivalente a 0,02 dólares (0,014 euros) e na Colômbia 1,18 dólares (0,88 euros).
De acordo com o governo venezuelano, o contrabando na fronteira faz sair do país 40% de bens essenciais e 100.000 barris de petróleo por dia, gerando perdas anuais de 3,65 mil milhões de dólares.
A economia da Colômbia também sofre os efeitos desta economia paralela, devido à concorrência desleal dos produtos venezuelanos que entram no seu mercado.
Lusa/SOL