Na segunda sessão pública do Fórum Manifesto, realizada na quinta-feira em Tavira, perante uma centena de pessoas, a antiga parlamentar do Bloco de Esquerda fez uma análise da situação política e social e acusou o Governo de ter "deixado o país irreconhecível", com "mais desemprego, mais falências de empresas e uma elevada emigração de jovens qualificados".
Sem nunca se referir à forma institucional que essa alternativa pode vir a corporizar, Ana Drago disse que a esquerda, para defender a democracia baseada no Estado social, tem que assumir um "compromisso que saiba distinguir o fundamental" e "estar disponível para assumir as suas responsabilidades".
Segundo a antiga deputada do Bloco de Esquerda – que deixou em desacordo com a política seguida pela coordenação do partido -, Portugal está numa situação em que "não basta a denúncia" e é necessário "trabalhar num compromisso que saiba distinguir o que é essencial e o que é fundamental manter" para "preservar o modelo de democracia" e "combater a desigualdade, a pobreza e a precariedade".
Ana Drago disse que, dentro de um ano, em vésperas das eleições legislativas de 2015, espera poder estar novamente perante uma sala cheia com esse compromisso alcançado, através da colaboração de pessoas "com passados diferentes" em termos políticos, mas que têm o desejo comum de "inverter o rumo" da política seguida nos últimos anos em Portugal.
Igualmente presente na mesa da sessão esteve o jornalista e comentador político Daniel Oliveira, que considerou estar-se a viver um "momento fundador" e haver "um sentimento de urgência" para "pôr as mãos na massa" e "responder a um sentimento geral" que defende uma mudança na situação política e social.
"Que papel queremos ter neste momento histórico?", questionou, criticando as consequências dos cortes na Segurança Social, na Educação, na Saúde e a "chantagem" que o Governo promove ao dizer que "não há outro caminho".
Daniel Oliveira defendeu a necessidade de reformar o sistema financeiro, criando "uma separação da banca comercial da banca de investimento", e de reformar o "financiamento da Segurança Social", porque — disse – "envelhecer não pode corresponder a envelhecer".
O "desmantelamento do Estado social" e "a transferência progressiva de competências e activos para os privados" foram outras das críticas feitas por Daniel Oliveira, que exemplificou com as áreas da saúde e dos fundos de pensões, considerando que "são os negócios mais atractivos para os privados".
Lusa/SOL