Começo pela forma como cada vez existem mais promotores (ou relações públicas, como gostam de lhes chamar) a fazer ‘uma perninha’ numa festa. Ouvi falar de 300 num espaço, 200 noutro. Sinceramente não sei ao certo e penso que ninguém saberá. Fórmula que se revela verdadeiramente assertiva para as casas uma vez que é determinado um percentual da facturação e é esse valor que se destina a quem promove, sejam 10 ou 300. Daí porque não colocar 300?
Outro facto é a preponderância cada vez maior de Vilamoura e áreas limítrofes no entretenimento. Hoje em dia esta vila algarvia é destino turístico nocturno obrigatório em Portugal, com dezenas de espaços separados por poucos metros, o que torna a ‘caça’ ao cliente verdadeiramente agressiva. Seja na Marina ou na praia existe uma pulseira ou um convite. Não interessa a idade, nacionalidade ou sexo. O que importa é ‘marcar’ a pessoa com a cor da equipa.
Constatei também que o lema ‘go with the flow’ ou em calão português ‘ir com a carneirada’ é cada vez mais um facto indesmentível entre os mais jovens. Querem é ir para onde estão os outros, de preferência escolhem espaços onde não cabe nem mais um e pouco se importam com a qualidade do serviço, das bebidas ou do próprio espaço em si e da sua decoração.
A música é fácil: a que passa na rádio e em todo o lado, é só não inventar. Parecem todas iguais mas não são porque umas são do Guetta outras do Hardwell ou do Alesso. Chama-se electro house e, embora não seja de todo o que eu gosto de ouvir, tenho de reconhecer que é o que a multidão pede e como quem manda é quem paga…
Fiquei feliz por ver também os valores que se pagam quer à porta quer nos chamados privados (alguns de privado não têm nada). Significa que a economia está a crescer: se 3.000 jovens têm 40 euros para pagar à porta de uma discoteca e existem mais 50 que pagam mil euros por privados, significa que o país está bem melhor.E se os espaços facturam muito também eles pagarão muito em impostos e isso só pode ser positivo.
Posto isto, considero que a época foi um sucesso. Movimentou multidões e milhões, atraiu turismo e dinamizou a restauração, a hotelaria e todos os negócios que giram à sua volta. O maior problema continua a ser, no meu entender, o trânsito e a idade de alguns que já por ali andam de cigarro e copo de álcool na mão. Se eu gostei? Nem por isso, mas muitos gostaram e isso é o que importa.
Sugestões :
Clube:
l Ageha (Tóquio, Japão)
Músicas:
l Have Some Fun (Original Mix) – Steve Aoki edit
l 6 p.m. (Sandy´s Blackwiz remix) – Kings of Tomorrow