“Se esse critério ideológico fosse seguido, chegaríamos ao absurdo de esconder os Jerónimos – monumento da expansão de Portugal – ou ignorar a Torre de Belém – símbolo dos Descobrimentos – ou ainda riscar das paredes as pinturas do salão nobre da Assembleia da República – alusivas ao ciclo imperial – ou ter vergonha dos brasões do antigo Banco Nacional Ultramarino e hoje excelente Museu de Design, apenas para mencionar quatro exemplos”, ataca o centrista numa carta enviada a António Costa.
Gonçalves Pereira diz mesmo que Costa “está a abrir uma querela que ninguém pediu ou suscitou”, já que “não há registo de nenhum país ou comunidade incomodada com tais brasões ajardinados”.
De resto, o vereador do CDS não entende uma opção que, na sua opinião, “tem como base razões políticas incompreensíveis”.
“Tal decisão parte de um princípio político errado e enganador, segundo o qual os brasões ajardinados representam ou vinculam Portugal a símbolos coloniais”, lê-se na missiva endereçada ao presidente da Câmara de Lisboa, a quem João Gonçalves Pereira recorda que “a História é a História e não se apaga, e o património é o património”.
O vereador critica ainda o facto de a decisão ter sido tomada em antes ter sido debatida em reunião da vereação: “Mandaria o mais elementar bom senso ouvir a Câmara antes de mandar destruir património que faz parte da nossa História, ainda mais, tratando-se de zonas e espaços classificados”.
Por isso, mesmo Gonçalves Pereira pede a António Costa que o assunto seja levado a discussão e votação em reunião de Câmara e que a “Câmara de Lisboa solicite de imediato às instituições orgânica e materialmente competentes em matéria de património cultural, os pareceres sobre esta decisão e suas consequências”.