Em declarações aos jornalistas no final da marcha, o presidente da associação Pride Azores, Terry Costa, afirmou que há três anos, quando se realizou o primeiro festival Lésbico, Gay, Bissexual e Transgénero (LGBT) dos Açores, o "assunto saiu para a rua" e houve "mais pessoas a sair do armário" nas ilhas, mas entretanto surgiram, sobretudo no último ano, "mais pressões" de "diversos lóbis" para um silenciamento da causa.
Terry Costa apontou que, por exemplo, "certas publicações já nem sequer falam" do festival ou da associação e há "certas entidades" que deixaram de participar no evento, por sentirem que quando o faziam surgiam críticas e reacções negativas.
Pela primeira vez, o Governo Regional dos Açores não se fez representar na marcha com que encerra o festival.
Terry Costa afirmou, em resposta a questões dos jornalistas, que o executivo açoriano marcou a sua presença numa tertúlia do festival que decorreu an sexta-feira à noite.
"Foi muito visível que não estamos prontos para trabalhar esses assuntos, só queremos é tocar o assunto", afirmou, acrescentando que a discriminação com base na orientação sexual só poderá diminuir se o problema for encarado e trabalhado, como acontece com outras questões sociais.
Terry Costa considerou que, no entanto, "vale a pena" organizar o festival e a marcha LGBT nos Açores e que apesar de o desfile de hoje ser o "projecto de maior visibilidade", noutras iniciativas que decorreram nos últimos dias houve sempre maior participação.
A marcha deste ano foi "silenciosa" por ser isso que "está a acontecer" nos Açores: uma tentativa de "silenciamento" da defesa dos direitos das pessoas LGBT, afirmou.
Durante o festival de 2013, a associação revelou que nos 12 meses anteriores recebera 52 denúncias de casos nos Açores de fobia e 'bullying' relacionados com a orientação sexual. Segundo Terry Costa, são "cada vez mais" as denúncias e os pedidos de apoio ou informação.
Lusa/SOL