Em 2009 uma praga de serpentes eclodiu no distrito de Guro e provocou dezenas de mortos e feridos.
O Governo decidiu então introduzir porcos – que se alimentam das crias das serpentes – para controlar a população dos répteis. Em 2010, foram também colocados em acção gatos caçadores para diminuir os ataques.
Em 2009, eram registados em média 15 casos de mortes e dezenas de pessoas feridas devido a ataques de serpentes, tendo o número baixado para três em 2013, segundo dados do Governo.
"Os ataques de serpentes reduziram muito. Este ano apareceram dois casos de ataques isolados, muito longe dos dados de 2009 quando eclodiram os ataques. A medida dos gatos e porcos foi reforçada com medicamentos e pessoal qualificado nos hospitais locais, por isso não temos mortes agora", declarou Deolinda Vissai.
Os ataques, disse, decorrem da disputa de habitat, já que em tempo de chuva as serpentes procuram locais para se alimentar próximo das aldeias.
As mambas são uma espécie de serpente altamente venenosa e de grande dimensão (conseguem engolir um cabrito) e muitas pessoas têm sofrido ataques, quando são enroladas pelo animal, só conseguindo escapar com a ajuda de terceiros.
Deolinda Vissai disse que entre as vítimas mortais e feridos graves figuram crianças e mulheres que foram atacadas nas florestas de Nhamassonge, região considerada ecologicamente fértil para a multiplicação de serpentes e de outros répteis.
"Alguns costumes tiveram que ser alterados nestas regiões. Agora os homens vão apanhar a lenha e tirar água, pois era nestes locais que ocorriam muitos ataques a mulheres e crianças, pela sua fragilidade física", disse à Lusa Florinda Tibua, uma residente da região, que perdeu a filha num ataque de serpente.
A pressão exercida pelas queimadas sobre as florestas, segundo Diolinda Vissai, está a aproximar espécies perigosas dos locais onde vivem as populações, na medida em que é dizimada a vegetação para animais que servem de alimentação para os herbívoros e carnívoros de grande porte, que povoam as matas da província do centro de Moçambique.
Lusa/SOL