Um dos fundadores do PS, António Arnaut, afirma que “é repugnante” qualquer tipo de comportamentos que violam as regras éticas de convivência cívica na vida partidária, ainda mais no PS: “Um partido com valores fraternos, em que as divergências devem contribuir para mais unidade”. Por isso, pede que os casos sejam “profundamente investigados”. “Em qualquer partido, mas em especial no PS, os responsáveis devem ser severamente punidos, para exemplo próprio e para evitar questões futuras”, afirma ao SOL.
Arnaut diz que os casos afectam a “honorabilidade” do partido e que a direcção devia ter tomado uma posição pública sobre “um assunto tão grave”, embora sublinhe que esta deve deixar os órgãos jurisdicionais actuar em primeira linha. E desabafa: “Até a mim me afecta, como socialista sinto-me incomodado por este tipo de comportamentos. Afastei-me da vida política precisamente por causa deste tipo de coisas mesquinhas, oportunismos, falcatruas, intrigas partidárias e caciquismo”.
Também o histórico socialista Vera Jardim considera “lamentável que pessoas se deixem tentar por malabarismos e truques para ganhar eleições ou mais votos”, notando que casos destes surgem sempre em altura de eleições.
Para o ex-ministro da Justiça, “quem falseia resultados de eleições falseia a própria democracia e, por isso, deve ser punido”. Além disso, admite, estes problemas só pioram a imagem dos partidos, que já não gozam de boa imagem junto dos cidadãos, e do sistema democrático.
Outro dos fundadores do PS, António Campos, vai mais longe e pede a expulsão de todos os responsáveis pelas fichas falsas em Coimbra. Campos pediu a refiliação dos militantes de Coimbra e intentou uma providência cautelar para não se realizarem eleições para a Federação (ver texto ao lado). “A direcção do PS deu cobertura a 100% das vigarices em Coimbra. Expulsaram quem denunciou o caso e não averiguaram nada”, acusa. Também o histórico do PS Manuel Alegre manifestou-se contra a expulsão da socialista que denunciou o caso dos falsos militantes, pedindo fim ao “delírio persecutório”.
Já o ex-ministro Augusto Santos Silva, apoiante de António Costa, está convencido de que as primárias vão resultar numa “enorme derrota política das pessoas que são especialistas neste tipo de comportamentos”. E que haverá uma maior abertura à sociedade, em detrimento das lógicas do aparelho partidário.