“Merkel não conseguia segurar no garfo e na faca como deve ser. Arrastava-se durante os jantares oficiais e eu tinha de lhe chamar à atenção”. Esta é uma das frase mais controversas, citada em ‘Legado: as transcrições Kohl’ (Vermächtnis: die Kohl-Protokolle, no original) , sobre a mulher que em 1999 promoveu a líder da União Democrata Cristã (CDU).
Mas as divulgações polémicas não ficam por aqui. O antigo chanceler, de 84 anos, desconsiderou o papel dos famosos movimentos nas cidades de Dresden e Leipzig, quando centenas de milhares de pessoas protestaram contra o regime da Alemanha de Leste e apelaram à reunificação. “Seria errado pensar que o Espírito Santo subitamente desceu sobre Leipzig e mudou o mundo”, ironizou.
Preferiu, antes, disparar sobre Mikhail Gorbachov, último líder da União Soviética. “O seu legado é ter feito uma pausa no comunismo, em parte contra a sua vontade, mas de facto acabou com este regime”.
O tom áspero dos comentários é quase a prova que nunca esperaria vê-los divulgados. Mas agora, o jornalista Heribert Schwan decidiu publicar um livro baseado nas mais de 100 entrevistas que realizou a Kohl em 2001 e em 2002 e que estavam destinadas a pertencer ao quarto volume da autobiografia do político.
Contudo, Schwan foi despedido por Kohl e obrigado a devolver todas as gravações. O que não fez, sabe-se agora. O jornalista é da opinião que estas afirmações mostram um homem triste por não ter recebido o reconhecimento que crê merecer, mas pode agora sofrer repercussões legais por as ter divulgado.