Desafio-te a não me desafiares

A moda dos desafios nas redes sociais tomou proporções inexplicáveis e temos hoje quem invente uma nova forma de ridicularizar outras a um ritmo alucinante. Desafio-te a colocares a tua fotografia com o soutien na cabeça, desafio-te a pores fotografias de ti quando mal andavas, desafio-te a qualquer coisa que não faça sentido absolutamente nenhum.…

Até percebo que tenha sido positiva a onda criada para ajudar pessoas com uma determinada doença – embora não me pareça que essa tenha sido a razão principal para 'jorrarem' baldes de água gelada em cima das próprias cabeças, mas sim a brincadeira associada. Eu que vivi recentemente num país africano em que a água é um bem escasso, tenho dificuldade em perceber a quantidade de água gasta em tais iniciativas, mas tudo bem. Foi para ajudar e quem, de facto, contribuiu acabou por dar uma explicação lógica à atitude.
 
Acho, no entanto, que não deveriam ser precisos desafios nem baldes de água para ajudarmos os que mais necessitam. Mas mais do que isto, acho que não são necessários desafios para jantarmos com quem mais gostamos, estarmos com quem queremos. Acho que os desafios que temos pessoal, social e profissionalmente são suficientemente interessantes para não precisarmos de outros que não nos estimulam, não nos acrescentam e só nos chateiam.
 Faz-me lembrar aquilo que encontro à noite nos desafios a que os mais novos se impõem com os 'corridinhos' de shots ou as bebidas de penalty, os desafios de quem é que vai falar com aquela miúda ou de quem é que vai saltar sem calças para a coluna de uma discoteca. Este tipo de atitudes tem normalmente um resultado: a porta da rua. Ainda assim percebo melhor estes do que aqueles que temos visto ultimamente.
 
Acho que estamos a chegar a um ponto em que as redes sociais são uma verdadeira seca, com publicidade atrás de publicidade, imensos vídeos que nos levam para páginas duvidosas, jogos e mais jogos, notícias sem interesse, grupos e mais grupos de eventos a que não queremos ir e com os quais nem sequer nos identificamos.

Desafio, por isso, a desafiarem-me, mas com coisas realmente interessantes. É isso que procuro fazer todos os dias com os que me rodeiam. Venha de lá uma nova plataforma que nos permita incidir sobre temas realmente importantes ou tão só que nos permita falar de banalidades de uma forma menos abusiva, mais inspiradora e mais divertida. Fica o desafio… 

Sugestões:

Clube: Tryst (Bombaim, Índia)