António Costa e Rui Moreira explicaram hoje o êxito das cidades de Lisboa e do Porto para contornarem a crise, revelando as suas “receitas”, que em ambos os casos passam pela reanimação dos seus centros históricos.
António Costa e Rui Moreira participaram na conferência sobre o futuro das cidades, promovida hoje em Braga para comemorar o 40.º aniversário da Universidade do Minho.
Para António Costa, “Lisboa poderia limitar-se a ser uma espécie de ‘Disneylândia’ para adultos, mas também teria de ser centro de atracção para as pessoas e as empresas. E foi naquilo em que se transformou, com 16 multinacionais de referência em cinco anos e quase cinco mil estudantes estrangeiros de mestrado e doutoramento”.
“Nós instalámos um centro incubador de empresas num prédio devoluto na Rua da Prata que pertencia ao Montepio Geral e estamos agora a tratar de um outro prédio pertencente à Caixa Geral de Depósitos, onde as empresas se instalam. Hoje em dia a política mais importante para uma cidade é a sua economia”, disse António Costa. Segundo o autarca, “Lisboa já tinha, além de duas pontes visíveis, outra ponte invisível, que são os 70 voos semanais para o Brasil e estar a cerca de três horas das principais capitais, o que tinha de ser potenciado”.
Rui Moreira destaca “ideias simples e óbvias”
O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, começou por explicar que “a reabilitação dos centros históricos das cidades passa por uma estratégia de reanimação, o que no Porto se impunha devido à desertificação devido ao abandono das actividades portuárias e alfandegárias”.
Falando da sua experiência anterior enquanto presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto, Moreira frisou que “a reabilitação de uma cidade não se resume às questões de arquitectura e de engenharia, mas faz-se principalmente com as pessoas”. O presidente da Câmara do Porto recordou: “Ao contrário daquilo que se propunha, nós então privilegiámos a ocupação à superfície em vez dos parques de estacionamento”.
Rui Moreira destacou “a animação do eixo das Ruas das Flores e Mouzinho da Silveira, especialmente da primeira”, salientando a sua intensa ocupação pedonal. O autarca do Porto disse que “no Porto temos feito coisas simples, mas óbvias, daquelas que qualquer cidadão sente no seu dia-a-dia”. E deu o exemplo “da circulação de motos nas faixas de BUS, que levou muitos cidadãos a andarem de moto, por sentirem-se mais seguros, uma coisa que custou pouco mais do que umas latas de tinta”. “A cidade do Porto tem uma baixíssima taxa de criminalidade, o que constitui uma das suas vantagens”, acrescentou Rui Moreira.
“O Porto não é uma cidade cinzenta, para mim é uma cidade prateada e especialmente quando chove, o que acontece muitas vezes”, disse Rui Moreira, revelando: “Muitas das ideias surgem de portuenses que comunicam comigo através do Facebook”.